Eu confesso que apesar de ser fã de RPGs japoneses nunca
tive muito contato com a franquia Ys.
Eu sabia da existência dela já na época do Super Nintendo, mas só fui jogar
algum jogo da série anos atrás com Ys
Seven para PSP e passei a apreciar a jogabilidade de RPG de ação da
franquia. Isso inevitavelmente me levou a este Ys VIII: Lacrimosa of Dana, que não joguei logo que foi lançado,
mas eventualmente chegou às minhas mãos.
Como os outros jogos da série, a trama é centrada em um
guerreiro de cabelos vermelhos chamado Adol Cristin. O protagonista está em uma
viagem de navio quando a embarcação é atacada por uma poderosa criatura marinha
que destrói todo o barco. Adol e outros membros da tripulação acordam em uma ilha
deserta e aos poucos descobrem que a ilha guarda muitos mistérios, como a
presença de criaturas que muitos acreditavam estarem extintas, os Primordials
(basicamente dinossauros), e as ruínas de uma antiga civilização. Adol começa a
sonhar com essa civilização e com uma sacerdotisa chamada Dana e, assim, Adol
precisa desvendar os mistérios da ilha ao mesmo tempo em que precisa encontrar
o resto dos sobreviventes e arranjar um meio para sair da ilha.
O viés da sobrevivência acaba adicionando algo de singular e
diferente a uma narrativa que, de outro modo, seria uma trama típica de JRPG
envolvendo a corrida para salvar o mundo e evitar uma calamidade cósmica. O
elenco, tanto de personagens jogáveis quanto de sobreviventes a serem
encontrados e recrutados para sua vila, é formado por figuras pitorescas o
bastante para manter o jogador interessado mesmo quando a trama caminha por uma
coleção de elementos convencionais do gênero.
O combate é em tempo real, com o jogador podendo alternar
livremente entre os três personagens que leva consigo em seu grupo (e existem
um total de seis personagens jogáveis). Muitos monstros tem vulnerabilidades a
tipos específicos de dano, como cortante, perfurante ou contundente, assim é
preciso observar o tipo de dano de cada personagem para montar um grupo
equilibrado e não ser pego desprevenido por um monstro para o qual o jogador
não tem a sua fraqueza. É importante explorar essas fraquezas porque as
criaturas, principalmente as maiores, causam muito dano.
Deste modo, sair apertando botões a esmo e atacar cegamente
não é uma boa estratégia contra inimigos poderosos e chefes. Para ajudar, o
game tem uma mecânica chamada Flash, que faz os inimigos se moverem em câmera
lenta por alguns segundos toda vez que o jogador faz uma esquiva ou bloqueio no
momento certo. Assim, o jogador tem alguns segundos para atacar livremente,
causando dano sem preocupação. Outra mecânica que deve ser explorada é o
atordoamento. Todo inimigo tem uma barra que vai se enchendo conforme ele é
atacado e quando essa barra enche ele fica temporariamente atordoado, ficando
sem atacar e recebendo mais dano por um breve momento. Dominar todas essas
mecânicas é importante para sobreviver ao desafiador combate, principalmente a
partir da segunda metade do jogo.
Enquanto explora a ilha, o jogador vai encontrando outros
sobreviventes do naufrágio e recruta esses sobreviventes para a vida. Cada
náufrago tem algo a contribuir, como ajudar a fazer itens de cura, fazer
comida, forjar armas, refinar materiais, então a vila vai visualmente se
modificando conforme ela vai crescendo. Recrutar náufragos também é essencial
para progredir na exploração da ilha, já que para remover alguns obstáculos
encontrados, como troncos de árvore ou deslizamentos de terra, é preciso ter um
número específico de habitantes em sua vila para conseguir remover os
obstáculos. Além da remoção de obstáculos, o jogador também encontra alguns
itens que ajudam a alcançar novas partes da ilha, como luvas que permitem
escalar vinhas ou botas que permitem caminhar sobre terrenos pantanosos.
A vila também é constantemente atacada por monstros. Nesses
momentos, chamados de Raids, o jogador precisa defender os portões da vila de
ondas de monstros que chegam para atacar. Para facilitar a defesa, é preciso
criar fortificações com os materiais coletados durante a exploração. Ao longo
do jogo, os habitantes pedem ajuda de Adol com algumas tarefas e cumprir essas
missões secundárias não só garante recompensas de itens ou materiais, mas
também aumenta a aprovação do jogador com os habitantes. Com o aumento da
aprovação são desbloqueadas habilidades passivas que fornecem bônus em
atributos durante as batalhas dos Raids.
Ocasionalmente, para proteger a vila, também serão
empreendidas caçadas para liberar determinadas áreas de infestação de monstros.
Nessas caçadas o jogador precisa colocar tochas em pontos específicos e
destruir ninhos de monstros dentro de um tempo específico. Essas atividades
ajudam a dar alguma variedade ao gameplay,
embora a maioria das missões secundárias gire em torno de fetch-quests de coletar uma quantidade específica de materiais ou
eliminar um determinado número de algum tipo de monstro.
Com um combate desafiador e uma trama de sobrevivência Ys VIII: Lacrimosa of Dana consegue
trazer frescor e variedade de jogabilidade a uma jornada que poderia ser
completamente convencional.
Nota: 8/10
Trailer
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