Lançado em 1988, Palhaços
Assassinos do Espaço Sideral parece, no papel, uma mistura ideal entre
terror e humor. Na prática, no entanto, o resultado final carece tanto de
criatividade no humor quanto de violência e gore
para funcionar como deveria em qualquer uma dessas duas frentes.
Na trama, o casal Mike (Grant Cramer) e Debbie (Suzanne
Snyder) está trocando beijos na floresta quando veem um cometa passar no céu.
Eles tentam seguir o cometa até o lugar onde ele caiu, mas quando chegam no que
deveria ser o ponto de impacto, encontram apenas uma estranha tenda circense. O
casal decide entrar na tenda e descobrem se tratar de uma nave espacial
habitada por criaturas que se parecem com palhaços. Os palhaços tentam matá-los
e eles fogem para a cidade, mas os alienígenas seguem o casal e começam a
aterrorizar os habitantes do local.
Como em muitos filmes de terror, os protagonistas se
comportam como completos idiotas na maior parte do tempo. Mike e Debbie, por
exemplo, entram sem qualquer cerimônia no estranho circo abandonado no meio do
mato. Em outro momento dois personagens se recusam a deixar o furgão em que
estão mesmo quando um palhaço assassino gigante está correndo na direção deles
só pelo motivo do automóvel ser alugado. Porque, claro, pagar o prejuízo seria
muito pior que morrer.
Essa estupidez seria ao menos aceitável se o filme
conseguisse criar cenas engraçadas em cima disso, mas na maioria do tempo
coloca os palhaços em situações banais que não exploram o potencial cômico da
premissa absurda. Em uma cena, vemos as criaturas invadirem uma loja de conveniência
e começar a mexer na mercadoria enquanto o balconista observa tudo atônito. Em
outra, acompanhamos enquanto os palhaços tocam em portas fingindo ser
entregadores de pizza. O humor deveria vir do estranhamento das pessoas com as
criaturas, mas como as situações em si não tem nada demais, não há muito pelo
que dar risada.
O gore também
deixa a desejar. Em um produto com a palavra “assassinos” no título era de se
esperar mortes violentas e criativas, mas na maioria dos casos os palhaços
apenas envolvem suas vítimas em casulos de algodão doce, com poucas cenas de
violência propriamente dita, como no momento no qual um palhaço arranca a
cabeça de um sujeito com um soco. A ideia de transformar itens comumente usados
por palhaços em armas mortais é uma boa sacada que infelizmente não é bem
explorada. Só em alguns poucos momentos, como a cena em que um palhaço
estrangula um policial com uma língua de sogra, é que o filme tenta embarcar na
ideia de que esses brinquedos são armas ultra tecnológicas.
É como se os realizadores confiassem que bastava vermos os
bizarros palhaços espaciais para conseguirmos rir, não fazendo muito esforço
para desenvolver situações insólitas a partir da premissa curiosa do filme.
Claro, essas escolhas também podem ter sido motivadas pelo pouco orçamento, mas
mesmo levando isso em consideração fica a impressão de uma oportunidade
desperdiçada. Afinal, não existe muita narrativa a ser contada, apenas uma
colagem de cenas dos palhaços aterrorizando a população, então essas cenas deveriam
ao menos ser divertidas pelo humor ou pela sanguinolência.
Ocasionalmente a trama consegue entregar algo criativamente
divertido, como na cena em que um motorista é perseguido por um palhaço que
guia um “carro invisível”, sem mencionar que todo o clímax dentro do circo/nave
dos vilões traz o visual lisérgico e colorido que ajuda a transmitir toda a
maluquice da premissa. As próteses usadas para criar os palhaços são
relativamente expressivas para algo feito com um orçamento limitado e as
criaturas tem um aspecto que consegue equilibrar o hilário e o sinistro. Só é
uma pena que as criaturas sejam tão subutilizadas e tenham tão pouco a fazer.
Palhaços Assassinos do
Espaço Sideral poderia render uma podreira bem divertida se explorasse todo
o absurdo de sua premissa evoca, mas decepciona ao não fazer jus ao potencial
criativo de sua premissa.
Trailer
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