A primeira temporada de Carmen Sandiego dava indicativo que o segundo ano exploraria mais o passado
misterioso da protagonista e aprofundaria alguns personagens ao seu redor, como
Shadowsan. A promessa, no entanto, não foi exatamente cumprida, já que muito
desse desenvolvimento acaba acontecendo apenas no último episódio.
Esse segundo ano começa com Carmen Sandiego continuando a
tentar sabotar a organização criminosa conhecida como VILE, agora tendo seu
antigo tutor da VILE, Shadowsan, como aliado. Ao mesmo tempo, precisa fugir da
agência ACME, que continua a considerá-la uma aliada da VILE, embora a agente
Argent esteja tentando convencer os demais de que Carmen é uma aliada em
potencial.
A temporada segue uma estrutura de episódios focados em
casos isolados, em cada um Carmen precisa parar um crime específico da VILE e
algumas migalhas de um arco maior sendo salpicadas a cada capítulo. Como
aconteceu no ano de estreia, o foco é mesmo na aventura e a série continua
competente em criar cenas de ação e perigo que exploram o potencial das
habilidades e gadgets de seus muitos
heróis e vilões. Do mesmo modo, também continua exibindo um relativo talento em
criar personagens insólitos que parecem saídos diretamente de algum filme de
espionagem exagerado da década de 60. Como antes, cada episódio leva Carmen a
um país diferente e a trama segue exibindo um viés pedagógico em suas
histórias, usando as aventuras da ladra internacional para ensinar ao jovem
espectador sobre a história e geografia dos países visitados.
Apesar do foco na aventura e na exploração de diferentes
países conseguir tornar a série minimamente divertida, falta substância aos
personagens para que tudo consiga envolver como deveria. Há um episódio que
mostra como Carmen conheceu os irmãos Zack e Ivy, mas a despeito de mostrar o
passado dos dois, eles continuam sendo a mesma dupla atrapalhada que
conhecíamos antes e essas novas informações não são o suficiente para
acrescentar novas camadas aos dois.
O arco do detetive Devereaux coloca o personagem para andar
em círculos com ele sendo exonerado da ACME, voltando para a Interpol, apenas
para ser demitido da Interpol e ser novamente recrutado pela ACME sem que ele
tenha feito muita coisa de relevante durante toda a temporada. O personagem
poderia ser inteiramente suprimido que provavelmente não faria diferença
alguma. A relação entre Carmen e a Chefe da ACME é outro elemento que roda,
roda e volta para o mesmo lugar, com a ACME desconfiando da protagonista, depois
passando a aceitar sua ajuda e, por fim, voltando a considerá-la uma criminosa.
Shadowsan se sai um pouco melhor, com a trama mostrando que
ele costumava ser uma pessoa honrada e dando a ele alguma complexidade ao
revelar a conexão que ele tem com o passado de Carmen. Aliás, a revelação sobre
o pai de Carmen acaba também dando alguma nuance à chefe da ACME ao mostrar o
erro fatal que a agente cometera no passado. A questão é essas revelações
chegam muito tarde e a maioria de suas repercussões é jogada para uma próxima
temporada.
A segunda temporada da Carmen
Sandiego continua divertida e educativa, mas faz pouco para avançar a
jornada de sua protagonista. Resta a promessa de que uma possível terceira se
saia melhor nesse aspecto.
Nota: 6/10
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