sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Crítica – O Irlandês

Análise Crítica – O Irlandês


Review – O Irlandês
O diretor Martin Scorsese levou mais de uma década para finalmente conseguir filmar a biografia do mafioso Frank “O Irlandês” Sheeran e, de certa forma, é bom que ele tenha demorado tanto. Em geral, filmes que passam muito tempo no “limbo do desenvolvimento” tendem a passar por múltiplos tratamentos de roteiro, roteiristas e diretores ao ponto em que quando finalmente são lançados, o resultado é uma colcha de retalhos sem personalidade, vide o recente Projeto Gemini, mas não é o caso neste O Irlandês.

Aqui Scorsese demonstra um olhar bem maduro, talvez fruto do tempo trabalhando no filme, talvez pelo seu próprio momento como cineasta, agora já veterano e no pleno domínio de seu ofício. Se em Os Bons Companheiros (1990) Scorsese falava sobre a glamourização da vida de mafioso, aqui seu olhar é plenamente desglamourizado. Tal qual o protagonista, o olhar de Scorsese tem uma certa melancolia e distanciamento analítico. É o olhar de alguém com muita experiência de vida e que consegue olhar para o passado pelo que ele é e não pelas lentes da nostalgia.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Crítica – Ducktales: 1ª Temporada




Análise Crítica – Ducktales: 1ª Temporada

Review – Ducktales: 1ª TemporadaEu adorava Ducktales quando era garoto. Gostava tanto da animação quanto dos quadrinhos da Disney situados em Patópolis que construía um universo ainda mais amplo que a série animada. Com o tempo, conheci o nome de Carl Barks um dos principais quadrinistas da Disney e criador deste universo de Patópolis e personagens como o Tio Patinhas, Professor Pardal e a Maga Patalógica. Então quando soube que a Disney faria uma nova versão de Ducktales que remeteria às histórias e estética de Barks, fiquei mais do que empolgado e esta primeira temporada não decepcionou.

Na trama, o Pato Donald precisa deixar Patópolis a trabalho e resolve deixar os sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho com seu tio. Os garotos não sabem, mas esse tio é ninguém menos que o Tio Patinhas, o homem mais rico da cidade. Na casa de Patinhas eles conhecem a governanta Dona Patilda, a neta dela, Patrícia, e o piloto Capitão Boing. Juntos eles passam a viver muitas aventuras enquanto que os três garotos tentam também descobrir o que aconteceu com a mãe deles, Dumbella, que desapareceu quando eles ainda eram crianças.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Crítica – Projeto Gemini


Análise Crítica – Projeto Gemini


Review – Projeto Gemini
A divulgação deste Projeto Gemini tratava como uma imensa novidade sua premissa de colocar um astro de ação como Will Smith enfrentando a si mesmo através do uso de computação gráfica. Não sei até que ponto isso se deu por falta de repertório ou simplesmente por querer convencer desonestamente o espectador de que estava vendo algo inédito, mas a verdade é que isso está longe de ser novidade entre os blockbusters hollywoodianos.

Arnold Schwarzenegger enfrentou um clone de si mesmo em O Sexto Dia (2000), Jean-Claude Van Damme fez o mesmo um ano depois em Replicante (2001). No mesmo ano o chinês Jet Li lutou contra um doppelganger de outra dimensão em O Confronto (2001) e esses são apenas os exemplos que vem na minha memória imediata. Desta maneira, desde sua premissa Projeto Gemini já soava como um produto requentado, ainda que um nome como Ang Lee no comando desse a esperança de que o filme pudesse ser algo mais do que um blockbuster de ação genérico, mas infelizmente isso não acontece.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Crítica – Uma Segunda Chance Para Amar

Análise Crítica – Uma Segunda Chance Para Amar


Review – Uma Segunda Chance Para Amar
Pelo material de divulgação Uma Segunda Chance Para Amar parecia ser aquele tipo de comédia romântica feita para pegar carona no espírito natalino e passar mensagens positivas sobre família e relacionamentos. O resultado final é basicamente isso, embora suas tentativas de mexer com a fórmula não cheguem a funcionar exatamente.

A trama é centrada em Kate (Emilia Clarke), uma jovem aspirante a cantora cuja vida está um caos desde que ela teve um grave problema de saúde. Sua carreira como cantora não decola e ela está presa em um emprego sem futuro, trabalhando como vendedora em uma loja de produtos natalinos gerenciada pela dura Noel (Michelle Yeoh). A vida de Kate começa a mudar quando ela conhece Tom (Henry Golding) e a vida dela começa a mudar.

Tal como em Como Eu Era Antes de Você (2016), Emilia Clarke é adorável como uma jovem que não consegue dar um jeito na própria vida. Considerando a natureza caótica de Kate, seria uma personagem fácil de se tornar detestável nas mãos de uma atriz menos carismática, mas Clarke da a ela charme suficiente para que ela não seja só uma desastrada abestalhada. A atriz também consegue dar conta das facetas mais sérias da personagem, em especial a relação complicada que ela tem com a família ou no trauma por conta do problema de saúde pelo qual passou.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Crítica – Carcereiros: O Filme


Análise Crítica – Carcereiros: O Filme


Review – Carcereiros: O Filme
A série Carcereiros chega em um momento em que a ficção seriada brasileira finalmente parece ter aprendido a reconfigurar os gêneros narrativos hollywoodianos e dar a eles uma personalidade própria que soe genuína no contexto brasileiro. Vemos isso em produtos como Sob Pressão (tanto o filme quanto a série) ou na recente Segunda Chamada. Já este Carcereiros: O Filme, longa inspirado na série, sacrifica essa identidade e a verossimilhança em relação ao contexto brasileiro para tentar produzir um suspense com mais cara de algo hollywoodiano em uma narrativa que lembra Assalto à 13ª DP (1976), de John Carpenter, divergindo do tom mais “pé no chão” da série.

Na trama, o carcereiro Adriano (Rodrigo Lombardi) é chamado para trabalhar em sua noite de folga quando a Polícia Federal avisa que sua prisão irá receber temporariamente um novo detento: o terrorista islâmico Abdel Moussa (Kaysar Dadour) que se escondia no Brasil. Abdel deve passar uma noite no presídio antes de ser levado pela Interpol para ser julgado por explodir uma escola, mas a presença dele causa inquietação entre os detentos, alguns deles jurando o terrorista de morte. O inesperado, no entanto, acontece quando um grupo armado invade a prisão em busca de um prisioneiro específico.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Crítica – Medo Profundo: O Segundo Ataque


Análise – Medo Profundo: O Segundo Ataque


Review – Medo Profundo: O Segundo Ataque
O primeiro Medo Profundo (2017) não era lá grande coisa, mas ao menos oferecia alguns bons momentos de tensão, ainda que muito dos eventos de sua trama abusavam da boa vontade do público e da nossa suspensão de descrença. Este Medo Profundo: O Segundo Ataque faz pouco para melhorar os elementos do original e ainda apresenta situações menos críveis do que o primeiro filme.

A trama é centrada nas meio-irmãs Mia (Sophie Nélisse, que viveu a protagonista de A Menina Que Roubava Livros) e Sasha (Corinne Foxx, filha do Jamie Foxx). Elas não se dão bem desde que o pai de Mia e a mãe de Sasha se casaram e as duas não tem uma boa convivência. Para tentar aproximá-las, o pai de Mia da para as duas um passeio de navio para ver tubarões na costa do México. Chegando no barco, duas amigas de Sasha, Alexa (Brianne Tju) e Nicole (Sistine Stallone, filha do Sylvester Stallone), chamam Sasha e Mia para abandonarem o passeio de barco para visitarem um conjunto de ruínas maia submersas. As quatro vão para o sítio arqueológico, mas lá ficam presas no labirinto das ruínas junto com dois tubarões famintos e precisam dar um jeito de escapar.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Crítica – Star Wars Jedi: Fallen Order


Análise Crítica – Star Wars Jedi: Fallen Order


Review – Star Wars Jedi: Fallen Order
Depois de um reboot de Star Wars Battlefront que mais parecia um beta de luxo e um Star Wars Battlefront 2 que foi lançado com um péssimo sistema de progressão que fedia a mecânicas “pay to win”, a franquia Star Wars finalmente ganha um jogo verdadeiramente memorável com este Star Wars Jedi: Fallen Order.

Com uma campanha inteiramente em single player e uma estrutura de RPG de ação, a trama se passa cinco anos depois da ascensão do império e do expurgo dos Jedi. O jogador controla Cal Kestis, um padawan que sobreviveu ao expurgo e agora vive escondido trabalhando como sucateiro. Um dia Cal usa seus poderes para salvar a vida de um companheiro de trabalho e a movimentação da Força atrai a atenção dos Inquisidores do Império liderados pela Segunda Irmã. Cal acaba sendo resgatado pela ex-Jedi Cere Junda, que incumbe Cal de encontrar um holocron Jedi que guarda informações sobre crianças sensitivas à Força, o que poderia ajudar a reconstruir a Ordem Jedi. O problema é que o Império também está à procura do holocron.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Crítica – Pássaro do Oriente


Análise Crítica – Pássaro do Oriente


Review – Pássaro do Oriente
Pássaro do Oriente não gasta tempo para estabelecer seu mistério principal. Depois de uma breve cena da protagonista Lucy (Alicia Vikander) chegando ao trabalho, a polícia prontamente entra no local procurando por ela. Um corpo foi achado na costa e as autoridades acham que pertence a Lily Bridges (Riley Keough), desaparecida há alguns dias e Lucy pode ter sido a última pessoa que a viu.

A pergunta “o que aconteceu como Lily?” é o fio condutor da história, que se passa no Japão da década de oitenta e adapta o elogiado livro Earthquake Bird escrito por Susanna Jones. A trama é contada do ponto de vista de Lucy enquanto testemunha para a polícia sobre como conheceu Lily e como a amizade entre as duas foi erodindo.

A narrativa mistura uma história sobre investigação com um suspense erótico e psicológico conforme mergulhamos na mente de Lucy para entender como uma jovem sueca foi morar sozinha no Japão e o triângulo amoroso que motivou o conflito entre Lucy e Lily.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Lixo Extraordinário – A Invasão das Rãs


Crítica – A Invasão das Rãs


Resenha Crítica – A Invasão das RãsLançado em 1972, A Invasão das Rãs é um dos maiores casos de propaganda enganosa do cinema. É um filme de terror cujo título menciona rãs (e o título em inglês é apenas Frogs, ou seja, sapos) e o pôster traz a imagem de um sapo com o que parece ser um braço humano saindo de sua boca. Isso dá a entender que veremos algo com sapos gigantes devorando pessoas, algo similar a A Noite dos Coelhos (1972), mas com sapos. Essa assunção, no entanto, se mostra completamente equivocada quando assistimos ao filme. Não só não existem gigantes na trama, todos são do tamanho normal de um sapo, como eles não matam ninguém.


A trama começa com o fotógrafo Pickett Smith (Sam Eliott) navegando de barco a remo por um pântano enquanto captura imagens das espécies que ali vivem e da poluição que chega ao ambiente. Pickett é derrubado de seu pequeno barco quando um casal de ricaços em uma lancha motorizada passam por ele em alta velocidade. Para se desculpar, os dois chamam Pickett para a ilha da família, próxima dali, na qual estão comemorando o aniversário de um de seus parentes.

domingo, 17 de novembro de 2019

Crítica – Invasão ao Serviço Secreto


Análise Crítica – Invasão ao Serviço Secreto


Review – Invasão ao Serviço Secreto
Depois que Invasão a Casa Branca (2013) e Invasão a Londres (2016) copiaram descaradamente Duro de Matar (1988), este final de trilogia Invasão ao Serviço Secreto resolve ser diferente dos seus antecessores e decide copiar O Fugitivo (1993). A ideia é, provavelmente, evitar a repetição e o cansaço nessa série de filmes, mas não funciona. O resultado, assim como os dois anteriores, é um filme de ação sem personalidade que apenas repete o que funcionou antes.

Na trama, o agente Banning (Gerard Butler) está prestes a ser promovido a diretor do Serviço Secreto pelo presidente Trumbull (Morgan Freeman), mas tudo muda quando um ataque mata praticamente todos os agentes do Serviço Secreto e deixa o presidente em coma. Evidências apontam Banning como o autor do ataque e ele precisa fugir para provar a própria inocência enquanto é caçado pela agente do FBI Thompson (Jada Pinkett Smith).

É curioso que um filme sobre uma fuga desenfreada e uma corrida contra o tempo consiga soar tão monótono, mas este alcança essa façanha. Provavelmente por conta do excesso de subtramas e personagens que não levam a lugar nenhum. Todo o arco de Banning e o pai (Nick Nolte) não tem qualquer relação com a trama (o pai de Banning sequer tinha sido citado nos anteriores), tampouco serve para acrescentar qualquer camada ao desenvolvimento do protagonista, se limitando a repetir o clichê do veterano traumatizado pela guerra ainda que Nolte consiga conferir algum grau de credibilidade ao personagem. O mesmo acontece com a agente Thompson, que deixa a trama sem fazer nada de muito significativo.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 4ª Temporada


Resenha – She-Ra e as Princesas do Poder: 4ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 4ª TemporadaA quarta temporada de She-Ra e as Princesas do Poder funciona quase como O Império Contra-Ataca (1980) para a série, colocando as heroínas diante de todo poderio da Horda e praticamente sendo esmagadas por ela.

A trama começa mais ou menos no ponto onde a anterior parou. Depois do sacrifício da rainha para fechar o portal aberto por Felina, Cintilante é coroada como a nova rainha de Lua Clara. Diante de uma nova liderança, Hordak e Felina pressionam ainda mais a enfraquecida rebelião e o abalo na relação entre Adora e Cintilante.

Muito do distanciamento entre Adora e Cintilante acontece por conta da morte da rainha e por Cintilante silenciosamente culpar a amiga pelo que aconteceu com a mãe. Ao mesmo tempo Cintilante também experimenta insegurança em relação ao seu papel de rainha e alienação em relação aos seus amigos, já que para governar ela deixa de ir a campo nas missões com Adora e Arqueiro. Por outro lado, Adora começa a se tornar confiante demais em seus poderes como She-Ra, achando que ela sozinha consegue dar conta de qualquer ameaça e isso a faz agir de maneira descuidada.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Crítica - As Panteras


Análise Crítica - As Panteras


Review - As Panteras
Eu sinceramente não sabia o que esperar desta nova versão de As Panteras. A escolha por Elizabeth Banks como diretora e o trio principal pareciam promissores. Por outro lado, os trailers pareciam levar toda a trama de investigação e espionagem um pouco a sério demais ao invés de abraçar o espírito de aventura descompromissada e exagero da versão de 2000 estrelada por Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore (As Panteras Detonando, no entanto, é um horror).

Na trama, a equipe formada por Sabina (Kristen Stewart) e Jane (Ella Balinska) precisa proteger a engenheira Elena (Naomi Scott) depois que ela delata uma falha mortal no novo dispositivo de energia criado por sua empresa. Com a vida de Elena em perigo e o dispositivo, que pode gerar cargas elétricas capazes de matar pessoas próximas ao seu pulso de energia, tendo sido roubado, as três precisam se unir para descobrir quem está por trás da ameaça, tendo também a ajuda da chefe Bosley (Elizabeth Banks).

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Crítica – Ford vs Ferrari


Análise Crítica – Ford vs Ferrari


Review – Ford vs Ferrari
Apesar do título, Ford vs Ferrari é menos focado nas duas empresas e mais na amizade de seus dois protagonistas. É uma decisão esperta, já que eles são os mais interessantes da trama e a questão da duas empresas acaba servindo como mero pano de fundo para o percurso dos dois.

A trama, baseada em uma história real, é centrada em Carroll Shelby (Matt Damon), o primeiro estadunidense a vencer as 24 Horas de Le Mans, uma das mais difíceis do automobilismo. Depois da prova, ele se aposenta de pilotar por conta de um problema no coração e se torna vendedor de carros esportivos, iniciando também sua equipe de automobilismo tendo como principal piloto o genioso Ken Miles (Christian Bale). Carroll é procurado pelo executivo Lee Iacocca (Jon Bernthal) da montadora Ford, Lee quer que Carroll inicie uma equipe para a Ford para poder ganhar as 24 Horas de Le Mans e desafiar a supremacia da italiana Ferrari, que venceu a prova por cinco anos seguidos.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Crítica – Parasita


Análise Crítica – Parasita


Review – Parasita
Dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho, responsável por filmes com Expresso do Amanhã (2014) e Okja (2017), este Parasita é um daqueles filmes que consegue te pegar de surpresa toda vez que achamos que estamos compreendendo o que está acontecendo. Essas reviravoltas fazem o filme transitar entre diferentes gêneros e resulta em uma alegoria social que impacta pelo modo como nos guia a desdobramentos inesperados.

Na trama, a família do patriarca Ki-taek (Kang-ho Sung) se encontra toda desempregada. Para sobreviver eles recorrem a pequenos bicos como fazer caixas de pizza e outras atividades de baixa renda. A sorte deles muda quando Min (Seo-joon Park), colega de escola de Ki-woo (Woo-sik Choi), filho de Ki-taek, oferece seu emprego a Ki-woo. O trabalho em questão é dar aulas particulares de inglês para Da-hye Park (Ji-so Jung), a filha adolescente de um rico empresário do ramo de tecnologia. Chegando na casa da família, Ki-woo se torna fascinado com o estilo de vida abastado dos Park e começa a fazer planos de inserir os demais parentes em outros empregos para a família.

Dizer mais seria estragar a experiência de quem vai assistir, mas o que começa como um drama social logo dá lugar ao suspense e posteriormente a uma absurda farsa. Seriam gêneros difíceis de transitar de maneira orgânica, mas Bong Joon-ho consegue caminhar com segurança entre a seriedade e o farsesco. A história é, em essência, sobre relações de classe social e a maneira com a qual ricos e pobres enxergam um ao outro.

domingo, 10 de novembro de 2019

Crítica – Doutor Sono


Análise Crítica – Doutor Sono


Review – Doutor Sono
Eu não fiquei muito empolgado quando este Doutor Sono, adaptação do romance de Stephen King que continua a história de Danny Torrance de O Iluminado, foi anunciado. Os trailers focavam mais em fazer referência a adaptação para cinema de O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, do que tentar delinear uma identidade própria e parecia mais um produto hollywoodiano planejado e formatado para explorar a nostalgia do espectador. O resultado final, porém, acaba sendo menos tributário ao filme de Kubrick do que eu esperava.

A trama se passa décadas depois dos eventos de O Iluminado. Danny Torrance (Ewan McGregor) agora é um alcoólatra em recuperação e trabalha como enfermeiro em uma clínica que atende pacientes terminais. Ele usa suas habilidades de “iluminado” para trazer conforto aos pacientes em seus últimos momentos e acaba sendo apelidado de “doutor sono”. Ao mesmo tempo, Danny começa a ter contato com outra garota iluminada, Abra Stone (Kyliegh Curran), e os poderes crescentes da garota chamam a atenção de um grupo de pessoas que vive de devorar as almas de iluminados. O grupo é liderado pela poderosa Rose (Rebecca Ferguson) e Danny precisa correr para manter Abra segura.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Crítica – Dora e a Cidade Perdida


Análise Crítica – Dora e a Cidade Perdida


Resenha – Dora e a Cidade Perdida
A animação Dora a Exploradora é famosa por seu caráter lúdico e educativo voltado a crianças pequenas. Por conta disso, foi recebida com estranhamento a notícia de que a animação seria adaptada para o cinema em live action, com uma versão mais velha da protagonista e uma trama mais aventuresca e próxima de algo como Indiana Jones. Afinal, uma personagem voltada para um público ainda na infância conseguiria atrair um público adolescente? Tendo assistido Dora e a Cidade Perdida, a impressão é que o filme não sabe o que quer ser nem com que público quer se comunicar.

A trama mostra Dora (Isabela Moner) já adolescente e tendo que finalmente ir para a escola enquanto seus pais embarcam numa expedição para encontrar uma antiga cidade inca que, segundo lendas, estaria repleta de ouro. Depois de algum tempo, Dora perde o contato com os pais e acaba sendo sequestrada da por um grupo de mercenários que estavam rastreando os pais de Dora e queriam roubar o tesouro da cidade. Agora na selva, Dora e seus amigos precisam encontrar os pais da protagonista e alcançar a cidade perdida antes dos vilões.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Rapsódias Revisitadas – Macunaíma


Crítica – Macunaíma


Review – Macunaíma
Lançado em 1969 e dirigido por Joaquim Pedro de Andrade a partir do romance homônimo de Mário de Andrade, Macunaíma foi o filme mais lucrativo do movimento do Cinema Novo brasileiro. Provavelmente o sucesso se deu pela estrutura cômica anárquica que remetia às chanchadas de décadas anteriores como Carnaval Atlântida (1952), o que provavelmente tornava mais acessível toda a trama carregada de simbolismos.

A narrativa acompanha as desventuras de Macunaíma (Grande Otelo), que nasce já adulto de uma mãe idosa. Macunaíma vive em um constante estado de preguiça e nunca faz nada por conta própria, sempre tirando vantagem dos outros. Um dia a floresta em que mora fica inundada e Macunaíma e seus irmãos vão morar na cidade. No trajeto o protagonista se banha em águas misteriosas e passa a ser branco (sendo interpretado por Paulo José) e continua a viver na cidade tentando levar vantagem em cima dos outros.

Chamado de “herói sem caráter” o arco dramático do protagonista é de fato estruturado como uma típica jornada de herói, com o chamado à aventura, um artefato de grande poder a ser coletado e o retorno ao lar. O que torna a trama tão singular e reflexiva dos processos de construção identitária brasileiras é sua abordagem satírica a todo esse percurso. Macunaíma é um “herói” brasileiro porque ele se dá bem sem precisar fazer nada e tirando vantagem em cima dos outros, demonstrando como o individualismo e esse senso de esperteza, de querer passar por cima das pessoas ao redor, é algo endêmico do brasileiro.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Crítica – Between Two Ferns: O Filme


Análise Crítica – Between Two Ferns: The Movie


Review – Between Two Ferns: The MovieA graça da websérie Between Two Ferns (algo como Entre Duas Samambaias em português, uma referência ao cenário do programa, gravado entre duas samambaias) é o modo como ela brinca com clichês de talk shows de celebridades. No programa, o ator Zach Galifianakis conduz entrevistas da pior maneira possível, sendo propositalmente rude e inconveniente com seus convidados, que estão cientes da brincadeira, diga-se passagem. Toda a bizarrice do programa é feita para mostrar a artificialidade dessas conversas aparentemente espontâneas de talk shows. Assim, ao transformar a série em um longa com Between Two Ferns: O Filme parecia lógica a opção por fazer tudo como se fosse um falso documentário de bastidores para mostrar também a artificialidade do cinema.

Na trama, depois que um vazamento destrói o estúdio no qual Zach (interpretando a si mesmo) gravava o programa, ele é obrigado a pegar a estrada para gravar seu programa diretamente na casa das celebridades para conseguir cumprir o número de programas estabelecido por contrato com o produtor Will Ferrell (também interpretando a si mesmo).

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Crítica – Link Perdido


Análise Crítica – Link Perdido


Review Crítica – Link Perdido
Feito pelo mesmo estúdio responsável por animações como Coraline e o Mundo Secreto (2009), este Link Perdido tem a mesma qualidade técnica do estúdio Laika, mas a trama em si carece um pouco de impacto para conseguir encantar como os outros trabalhos da produtora.

A trama se passa no século XIX e é centrada no explorador Sir Lionel Frost (voz de Hugh Jackman) um cavalheiro britânico que quer a qualquer custo obter reconhecimento de seus pares. Para isso, empreende expedições para descobrir locais e monstros míticos, mas nunca consegue provas que corroborem suas investigações. A sorte dele muda quando recebe uma carta contando a localização do mítico Pé Grande, fazendo Lionel partir para os Estados Unidos para encontrar a criatura, que acaba chamando de Sr. Link (voz de Zach Galifianakis).

A trama é carregada de um senso de humor irônico com um timing certeiro para cada piada. Um exemplo é quando um dos vilões, o Lorde Piggot-Dunceby (voz de Stephen Fry), diz que precisa deter Lionel para proteger a imagem do homem civilizado, mas que irá contratar um assassino profissional para detê-lo. Ou seja, para proteger a civilização, irá recorrer ao comportamento menos civilizado possível. A trama é cheia desses diálogos bem humorados que revelam as hipocrisias de uma elite que se acha superior, mas na verdade é estúpida e truculenta.