O primeiro Medo Profundo (2017) não era lá grande coisa, mas ao menos oferecia alguns bons
momentos de tensão, ainda que muito dos eventos de sua trama abusavam da boa
vontade do público e da nossa suspensão de descrença. Este Medo Profundo: O Segundo Ataque faz pouco para melhorar os
elementos do original e ainda apresenta situações menos críveis do que o
primeiro filme.
A trama é centrada nas meio-irmãs Mia (Sophie Nélisse, que
viveu a protagonista de A Menina Que
Roubava Livros) e Sasha (Corinne Foxx, filha do Jamie Foxx). Elas não se
dão bem desde que o pai de Mia e a mãe de Sasha se casaram e as duas não tem
uma boa convivência. Para tentar aproximá-las, o pai de Mia da para as duas um
passeio de navio para ver tubarões na costa do México. Chegando no barco, duas
amigas de Sasha, Alexa (Brianne Tju) e Nicole (Sistine Stallone, filha do
Sylvester Stallone), chamam Sasha e Mia para abandonarem o passeio de barco
para visitarem um conjunto de ruínas maia submersas. As quatro vão para o sítio
arqueológico, mas lá ficam presas no labirinto das ruínas junto com dois
tubarões famintos e precisam dar um jeito de escapar.
Como desde o início a narrativa já estabelece o conflito das
irmãs como o elemento principal da narrativa, fica evidente quem das quatro
amigas irá viver ou morrer. O conflito entre as duas irmãs nunca consegue ir
além do clichê de aprender a lidar com as diferenças e saber trabalhar junto.
Como as duas e as demais personagens não tem muito mais o que oferecer em
termos de personalidade, a trama não nos dá muito com o que nos importar em
relação a essas pessoas.
Se no filme anterior as personagens eram colocadas na
situação de perigo por um infeliz acidente, aqui elas se colocam em perigo por
culpa de si mesmas, já que o pai de Mia tinha avisado que encontrou um tubarão
naquelas cavernas. Assim, elas são menos vítimas de circunstâncias infelizes e
mais um bando de idiotas que se colocou voluntariamente em uma situação de
perigo.
Isso não seria um problema se ao menos o filme conseguisse
criar e manter um clima constante de tensão, como o recente Predadores Assassinos, mas isso não
acontece. Ao invés de tensão, a fita opta por apenas encadear uma série de
sustos súbitos jogados na tela de qualquer maneira, com os tubarões saindo das
sombras inesperadamente para tentar abocanhar as personagens. Essa escolha por jump scares é ainda agravada por
situações pouco críveis nas quais as personagens conseguem despistar os
tubarões ao apenas se encolher no canto e fazer silêncio. Sim, o filme
estabelece que os tubarões são cegos, mas a visão não é o principal sentido que
os animais usam para localizar suas presas.
Ocasionalmente o filme entrega alguns bons momentos de
tensão, como a cena em que Alexa e Nadine tentam subir em uma corda para fora
da caverna. Outro momento de destaque é quando as personagens são cercadas
pelos tubarões em um espaço sem luz externa, sendo iluminado apenas por breves flashes de um sinalizador vermelho e a
luz vermelha piscando confere uma caráter sinistro às imagens.
Ainda assim é muito pouco para fazer a experiência valer a
pena, considerando que durante a maior parte da minutagem de Medo Profundo: O Segundo Ataque temos
apenas uma coleção de jump scares inanes
e personagens desinteressantes.
Nota: 4/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário