A quarta temporada de She-Ra
e as Princesas do Poder funciona quase como O Império Contra-Ataca (1980)
para a série, colocando as heroínas diante de todo poderio da Horda e
praticamente sendo esmagadas por ela.
A trama começa mais ou menos no ponto onde a anterior parou.
Depois do sacrifício da rainha para fechar o portal aberto por Felina,
Cintilante é coroada como a nova rainha de Lua Clara. Diante de uma nova
liderança, Hordak e Felina pressionam ainda mais a enfraquecida rebelião e o
abalo na relação entre Adora e Cintilante.
Muito do distanciamento entre Adora e Cintilante acontece
por conta da morte da rainha e por Cintilante silenciosamente culpar a amiga
pelo que aconteceu com a mãe. Ao mesmo tempo Cintilante também experimenta
insegurança em relação ao seu papel de rainha e alienação em relação aos seus
amigos, já que para governar ela deixa de ir a campo nas missões com Adora e
Arqueiro. Por outro lado, Adora começa a se tornar confiante demais em seus
poderes como She-Ra, achando que ela sozinha consegue dar conta de qualquer
ameaça e isso a faz agir de maneira descuidada.
Felina usa o transmorfo Encrenca Dupla para se infiltrar na
rebelião e insuflar o desentendimento entre Cintilante e Adora, enfraquecendo e
desarticulando ainda mais a rebelião. O fato de estar numa posição superior
estrategicamente, no entanto, não melhora o estado mental de Felina, que
permanece obcecada em destruir Adora e provar seu valor. Em sua obsessão pela vitória
a qualquer custo, Felina acaba alienando Scorpia, a única amiga que ainda lhe
restava, uma vez que Scorpia percebe que Felina não se preocupa com ninguém
além de si mesma e da missão.
Todos esses conflitos ajudam a dar nuance às personagens,
pois conseguimos entender o lado de cada uma e como isso as impele. Entendemos
as razões de Cintilante não mais considerar Adora o único caminho para a
vitória, entendemos a decisão de Scorpia em se afastar de Felina, ainda que se
preocupe com o bem-estar da vilã e também compreendemos a necessidade de Adora
em descobrir mais sobre o passado da She-Ra e seus poderes para poder ser mais
útil para a rebelião.
Falando no passado da She-Ra, a trama finalmente explica
quem foi Mara, a She-Ra que precedeu Adora e como foi que Mara “traiu” os
ensinamentos de Esperança da Luz. A temporada também é hábil em brincar com o
próprio formato, exibindo alguns episódios com estruturas narrativas
diferentes. Um exemplo é o episódio centrado na Madame Rizzo, narrado sobre a
perspectiva da personagem e que mostra que há uma razão por trás da conduta
aparentemente aleatória da personagem.
Outro episódio se estrutura como uma trama investigativa,
remetendo a histórias de Agatha Christie, mas com um viés cômico. No episódio
Mermista e Perfuma interrogando as residentes de Lua Clara para descobrir quem
está passando informações para a Horda. Outro episódio apresenta uma série de
números musicais cantados por Mermista e o Falcão do Mar. Com essas
brincadeiras com a fórmula da série, a trama consegue nos manter curiosos e
engajados pelo que virá a seguir.
A construção das tensões entre a rebelião e a Horda culmina
em um intenso final de temporada que põe todas as protagonistas em risco e
deixa a rebelião ainda mais vulnerável. Considerando que este é um desenho
infantil, confesso que fiquei surpreso que a temporada terminasse com as
heroínas sofrendo uma derrota e perdas tão duras. Não que eu ache um final
ruim, muito pelo contrário, é um desfecho coerente com o que foi desenvolvido
até aqui, mas muitas vezes produtos voltados para o público infantil tendem a
aliviar a mão nas consequências difíceis que se impõem aos personagens.
Com um cuidado em desenvolver suas personagens e um final
impactante, a quarta temporada de She-Ra
e as Princesas do Poder é a melhor da série até aqui e promete muitas
mudanças e desafios para o futuro das personagens.
Nota: 9/10
Trailer
Uau...Vou fazer um control + c e um control + v para o neu trabalho de crítica.
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