terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Crítica – Crime Sem Saída


Análise Crítica – Crime Sem Saída


Review – Crime Sem SaídaA impressão inicial é que Crime Sem Saída parecia ser um desses suspenses genéricos que passam nas madrugadas da televisão aberta, no Supercine ou Domingo Maior, e, bem, o resultado final é exatamente isso. A trama acompanha Andre Davis (Chadwick Boseman, que viveu o T’Challa em Pantera Negra), um detetive durão e famoso (ou infame) por querer fazer justiça com as próprias e seguir um código moral próprio. Ele é incumbido de caçar dois bandidos que mataram uma dúzia de policiais em um assalto que deu errado, mas conforme sua investigação progride noite adentro ele começa a desconfiar de um grande esquema de corrupção.

A ideia da polícia fechar todas as entradas e saídas da ilha de Manhattan em Nova Iorque soa relativamente forçada. Sim, tratam-se de assassinos de policiais e a corporação tende a levar isso a sério, mas, ao mesmo tempo, soa uma medida exagerada considerando que são dois bandidinhos de quinta categoria e estamos em uma cidade com traumas muito maiores como terrorismo.

Isso incomodaria menos se o desenvolvimento da trama conseguisse de fato construir uma sensação de suspense e corrida contra o tempo, mas isso não acontece. Existem alguns bons momentos de tensão, como o assalto inicial, no entanto durante boa parte da projeção o texto se apega demais aos clichês do gênero e a soluções previsíveis. Fica evidente desde o início que os policiais mortos são corruptos e coniventes com o tráfico, assim como é bem previsível que Andre será eventualmente traído por uma personagem que acompanha sua investigação.

Isso é agravado por muitas decisões estúpidas de ambos os lados, dando a impressão de que ninguém faz a menor ideia do que está fazendo. Se os reais criminosos sabiam que os dois ladrões iam usar o mesmo contador que lava dinheiro para eles, porque não pedir ao contador para entregar os dois para eles? Seria uma decisão mais esperta do que entrar na casa do sujeito atirando, arriscando mais mortes e a fuga da dupla de assaltantes. Do mesmo modo, não faz sentido que Andre peça que a polícia faça um cerco ao redor da área na qual os criminosos estão se ele já tem suspeitas de que a polícia é corrupta e que matar os ladrões para enterrar provas. Faria mais sentido se ele pedisse ajuda aos agentes do FBI que aparecem no início e, por sinal, não tem importância alguma na trama. Na verdade, fica a impressão de que Andre vence mais por sorte do que por sua argúcia como detetive.

Chadwick Boseman consegue dar credibilidade à dureza implacável do detetive e seu rígido senso de justiça, mas nunca consegue ir além dos lugares-comuns nos quais o roteiro prende seu personagem. Por outro lado, Taylor Kitsch falha em convencer que o ladrão Ray é um matador frio e perigoso, mais parecendo um moleque estúpido e desequilibrado. Assim como aconteceu no péssimo O Assassino: O Primeiro Alvo (2017), falta a Kitsch a imponência necessária para convencer de que é um assassino frio e letal.

Sem personalidade e preso a uma reprodução inane de clichês Crime Sem Saída é daqueles filmes que a gente começa a esquecer assim que as luzes da sala de cinema se acendem.

Nota: 5/10


Trailer

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