A impressão inicial é que Crime Sem Saída parecia ser um desses
suspenses genéricos que passam nas madrugadas da televisão aberta, no Supercine
ou Domingo Maior, e, bem, o resultado final é exatamente isso. A trama
acompanha Andre Davis (Chadwick Boseman, que viveu o T’Challa em Pantera Negra), um detetive durão e
famoso (ou infame) por querer fazer justiça com as próprias e seguir um código
moral próprio. Ele é incumbido de caçar dois bandidos que mataram uma dúzia de
policiais em um assalto que deu errado, mas conforme sua investigação progride
noite adentro ele começa a desconfiar de um grande esquema de corrupção.
A ideia da polícia fechar todas
as entradas e saídas da ilha de Manhattan em Nova Iorque soa relativamente forçada.
Sim, tratam-se de assassinos de policiais e a corporação tende a levar isso a
sério, mas, ao mesmo tempo, soa uma medida exagerada considerando que são dois
bandidinhos de quinta categoria e estamos em uma cidade com traumas muito
maiores como terrorismo.
Isso incomodaria menos se o
desenvolvimento da trama conseguisse de fato construir uma sensação de suspense
e corrida contra o tempo, mas isso não acontece. Existem alguns bons momentos
de tensão, como o assalto inicial, no entanto durante boa parte da projeção o
texto se apega demais aos clichês do gênero e a soluções previsíveis. Fica
evidente desde o início que os policiais mortos são corruptos e coniventes com
o tráfico, assim como é bem previsível que Andre será eventualmente traído por
uma personagem que acompanha sua investigação.
Isso é agravado por muitas
decisões estúpidas de ambos os lados, dando a impressão de que ninguém faz a
menor ideia do que está fazendo. Se os reais criminosos sabiam que os dois
ladrões iam usar o mesmo contador que lava dinheiro para eles, porque não pedir
ao contador para entregar os dois para eles? Seria uma decisão mais esperta do
que entrar na casa do sujeito atirando, arriscando mais mortes e a fuga da
dupla de assaltantes. Do mesmo modo, não faz sentido que Andre peça que a
polícia faça um cerco ao redor da área na qual os criminosos estão se ele já
tem suspeitas de que a polícia é corrupta e que matar os ladrões para enterrar
provas. Faria mais sentido se ele pedisse ajuda aos agentes do FBI que aparecem
no início e, por sinal, não tem importância alguma na trama. Na verdade, fica a
impressão de que Andre vence mais por sorte do que por sua argúcia como
detetive.
Chadwick Boseman consegue dar
credibilidade à dureza implacável do detetive e seu rígido senso de justiça,
mas nunca consegue ir além dos lugares-comuns nos quais o roteiro prende seu
personagem. Por outro lado, Taylor Kitsch falha em convencer que o ladrão Ray é
um matador frio e perigoso, mais parecendo um moleque estúpido e
desequilibrado. Assim como aconteceu no péssimo O Assassino: O Primeiro Alvo (2017), falta a Kitsch a imponência
necessária para convencer de que é um assassino frio e letal.
Sem personalidade e preso a uma
reprodução inane de clichês Crime Sem
Saída é daqueles filmes que a gente começa a esquecer assim que as luzes da
sala de cinema se acendem.
Nota: 5/10
Trailer
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