Nos primeiros dez minutos de Esquadrão 6, novo filme da Netflix
dirigido por Michael Bay, seriamente pensei em parar de assistir. Iniciando com
uma sequência de ação filmada como uma câmera chacoalhante, uma montagem que
corta a cada dois segundos e lens flares
(reflexos de luz na lente da câmera) pipocando por todos os cantos do quadro, a
produção mais parecia um desconfortável exame de epilepsia do que um filme
propriamente dito. Tendo perseverado e assistido até o fim, devo dizer que me
arrependi bastante de não desistido nos primeiros dez minutos.
A trama segue um esquadrão
secreto criado por Um (Ryan Reynolds), um bilionário que resolveu criar um
grupo de operações ilegais para derrubar os “vilões do mundo”. A missão que
acompanhamos envolve derrubar Rovach (Lior Raz), ditador de um país do Oriente
Médio, e impedi-lo de por as mãos em toneladas de armas químicas.
Os personagens são tão genéricos
quanto os números que os nomeiam, seguindo clichês tipo o soldado traumatizado,
a espiã fria, o criminoso arrependido e outros elementos que já cansamos de
ver. Nesse sentido de nada adianta um elenco de atores carismáticos como Ryan
Reynolds, Melanie Laurent ou Corey Hawkins se os personagens e mesmo o
desenvolvimento da camaradagem entre eles soa forçado e não merecido.
As tentativas de humor na maioria
dos casos soam constrangedoras ao invés de engraçadas embora Reynolds consiga
fazer uma ou outra piada funcionar ocasionalmente. Na verdade, o texto é tão
preguiçoso que sequer consegue cunhar suas próprias frases de efeito, sempre
colocando os personagens para usarem frases de outros filmes tentando fazer
tudo parecer um esforço de humor autorreferencial, mas como ele nunca consegue
criar nada próprio fica evidente que essas referências são só preguiça
criativa.
O vilão é também um ditador
genérico, sem personalidade, com algum plano vago de manter o poder através do
medo, sendo cruel apenas por ser cruel e nunca soando como uma ameaça
interessante ao grupo. A narrativa ainda tenta contar sua trama de modo não
linear, inserindo constantes flashbacks que
tentam mostrar como Um recrutou cada membro do grupo. A questão é que essas
cenas não tem nada a dizer sobre esses personagens, não os desenvolvem de
nenhum modo consistente e parecem inseridas apenas para inchar a duração.
Tudo isso seria até perdoável se
a fita conseguisse criar algumas cenas de ação bacanas, mas isso não acontece.
O que temos é o brutal ataque à cognição do espectador que Michael Bay se
acostumou a fazer nas duas últimas décadas. Tudo é filmado com uma câmera que
não para quieta, múltiplos cortes por segundo e luzes infestando o quadro. O
resultado, além do risco de provocar um ataque epilético, são cenas de ação
desprovidas de qualquer senso de coesão espacial, que nunca temos um
entendimento claro dos espaços e das posições dos personagens em relação um ao
outro, fazendo tudo parecer desconjuntado e fragmentado.
Diferente de muitos de seus
filmes, aqui Bay investe em uma violência mais gráfica. Isso poderia ajudar a
criar uma ação mais brutal ou impactante, mas, novamente, praticamente nada de
interessante é feito a partir desta opção estética. Tem algumas mortes bem
filmadas no segmento em que eles executam os quatro generais do vilão ou quando
Um usa ímãs no embate final, de resto a violência nunca impacta o quanto
deveria.
Esquadrão 6 é mais um filme inchado, histérico e cheio de excessos
cuja trama genérica nunca consegue envolver e a ação bagunçada, repleta dos
cacoetes estilísticos de Michael Bay, não consegue empolgar.
Nota: 3/10
Trailer
gostei dos efeitos gráficos
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