Quando escrevi sobre a primeira
temporada desta nova versão de Cavaleiros do Zodíaco produzida pela Netflix, mencionei que apesar do esforço de dar
um ritmo mais ágil e tornar mais críveis alguns elementos do universo criado
por Masami Kurumada, a animação acabava carecendo o impacto do anime original. Esperava que essa
segunda temporada melhorasse alguns aspectos, mas tudo continuou igual.
A narrativa continua onde o
primeiro ano terminou, com os cavaleiros de bronze sendo salvos do desabamento
da montanha após a derrota de Ikki e a chegada de uma nova ameaça na forma dos
cavaleiros de prata. Os principais momentos da trama seguem fieis aos do mangá
e do anime, no entanto nem todos
funcionam por conta de escolhas de adaptação que a série fez.
Um exemplo é o resgate dos
cavaleiros pelas mãos de Mu. Como na primeira temporada nunca houve o arco de
Shiryu ir até Jamiel consertar as armaduras e conhecer o cavaleiro de ouro de
Áries, a aparição de Mu aqui soa jogada de qualquer jeito, mais soando como um deus ex machina preguiçoso do que um
elemento natural. Afinal, se Mu não conheceu Shiryu ou Seiya e testemunhou o
valor deles em primeira mão, que motivação ele teria para salvá-los? Uma
profecia vaga? Porque não acreditar na profecia do Santuário então?
A velocidade da progressão da
trama também faz momentos importantes da narrativa não possuírem o devido
impacto por conta da série não dar tempo desses eventos repercutirem. Um
exemplo é a decisão de Shiryu em furar os olhos durante a luta contra Algol de
Perseu, que acontece muito rápido e posteriormente a trama não dá espaço para
que sintamos o impacto disso sobre o personagem. Do mesmo modo o retorno de
Ikki chega e termina de maneira tão veloz que ele acaba desprovido de drama.
Até a climática cena da flecha de ouro atingindo Saori soa súbita ao invés de
devidamente construída, jogada de qualquer jeito só para criar um gancho para a
próxima temporada.
O pouco número de episódios
também implica que a maioria dos personagens não tem muito que fazer. Eu sei
que Seiya é o personagem principal, mas o anime
também conseguia dar espaço para que os outros cavaleiro tivessem seu tempo
para brilhar. Aqui a temporada começa e termina sem que Shun ou Hyoga, por
exemplo, tenham algo relevante para fazer.
O vilão Van Guraad, a principal
diferente dessa nova versão em relação às demais é sub-aproveitado, aparecendo
só nos dois últimos episódios da temporada. Em um deles, inclusive, a presença
dele é um papel meramente expositivo, com o episódio quase inteiro consistindo
de explicações de Guraad detalhando a profecia do Santuário e a relação entre
ele e Mitsumasa Kido.
Apesar de apresentar algumas
cenas de ação competentes, como a luta entre Seiya e Misty ou o embate com
Guraad no final, ainda assim a grande maioria das lutas carece da empolgação do
anime original. Isso porque boa parte
do tempo das lutas é gasto com os cavaleiros parados, disparando o cosmo com as
mãos do que efetivamente lutando. Esses pequenos disparos de energia nunca
conseguem convencer do grande poder manejado pelos cavaleiros.
A segunda temporada de Cavaleiros do Zodíaco continua carecendo
do senso de drama, grandiosidade e impacto do anime original, apesar de
ocasionais momentos de inspiração.
Nota: 5/10
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