quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Crítica – A Hora da Sua Morte


Análise Crítica – A Hora da Sua Morte


Review – A Hora da Sua Morte
Na superfície este A Hora da Sua Morte parece ser uma cópia genérica de Premonição (2000) e O Chamado (2002). Depois de ver o filme preciso admitir que estava completamente errado. A Hora da Sua Morte é uma colcha de retalhos quase incoerente de todos os clichês do terror hollywoodiano nas últimas décadas. É tão preso aos lugares-comuns do gênero que beira o autoparódico, mas que nunca chega a ser engraçado ao ponto de funcionar como comédia.

A trama acompanha a estudante de enfermagem Quinn (Elizabeth Lail), que ouve falar sobre um aplicativo que diz quanto tempo falta para o usuário morrer. De início Quinn acha que é brincadeira, mas descobre que todos que baixaram o aplicativo de fato morreram na hora avisada, a despeito de seus esforços de evitar sua morte. Assim, desde a premissa, se desenha um conflito no qual uma personagem recebe uma contagem regressiva de um dispositivo eletrônico, tal qual O Chamado (2002) e cujos esforços de fugir do destino são inúteis como os dos personagens de Premonição (2000).

O problema é que A Hora da Sua Morte não tem o crescente de tensão e mistério de O Chamado ou mesmo as mortes sangrentas e criativas de Premonição. Na verdade, essa produção é tão vagabunda que a maioria das mortes acontece fora de quadro, justamente para evitar o esforço (e custo) de ter que criar próteses ou maquiagem para mostrar feridas ou desmembramentos.

A pobreza da produção fica evidente na cena em que Quinn, depois de tomar um susto, da ré em cima de um carro que está passando atrás dela. Ouvimos o barulho de uma colisão, mas quando a câmera nos mostra o outro carro, evita enquadrar justamente a parte que teria sido batida, provavelmente porque não foi (o pouco que dá para ver da seção atingida reflete essa impressão), seja por falta de técnica em termos de como filmar, seja por falta de recursos para efetivamente detonar a lateral de um carro. A pobreza visual também é percebida no design da criatura demoníaca responsável pelo aplicativo.

Para além do aspecto visual pobre, há o problema da falta de coesão e inconsistência tonal do roteiro, que começa evocando a tecnofobia de O Chamado, mas até chegar ao seu final, passeia pelo horror de possessão, do slasher e qualquer outro subgênero que se puder pensar. A impressão é que, no meio da escrita, o roteirista e diretor Justin Dec percebeu que seu material não estava funcionando e resolveu jogar em todas as direções, inclusive para a esculhambação total, para ver se algo dava certo, nem que fosse como comédia.

As tentativas de comicidade são claras na figura do padre exorcista ou do técnico de celulares, mas são tão exagerados que se tornam mais irritantes do que engraçados. Além disso, eles destoam da seriedade com a qual os arcos de Quinn e Matt (Jordan Calloway) são conduzidos. Tudo isso faz a fita parecer incerta da própria identidade, incapaz de investir no drama ou no terror dos dois protagonistas ou de tentar fazer graça com todos os clichês que sua narrativa coleciona como um Todo Mundo em Pânico. Falha também em ser uma combinação das duas coisas, como A Morte Te Dá Parabéns.

As tentativas de assustar se reduzem a barulhos altos e coisas saltando subitamente da tela, raramente funcionando, em especial porque, como já foi dito, as mortes em si sequer são criativas de ver. Também é difícil embarcar em um clima de tensão porque a trama não nos dá muito com o que nos importar com os personagens, reduzindo-os a alguns diálogos expositivos sobre passado traumático e jogando uma subtrama de assédio sexual de qualquer jeito no meio da história.

Diante de tanta inaptidão chega a ser surpreendente que A Hora da Sua Morte ainda tenha a pachorra de sugerir uma continuação em seus minutos finais.

Nota: 1/10


Trailer

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