terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Crítica – O Grito

Análise Crítica – O Grito


Review – O Grito
Eu não assisti ao primeiro O Grito (2004) nem ao original japonês, então fui assistir essa nova versão sem saber o que esperar, embora me parecesse desnecessária a existência de um remake de um filme cuja assombração não tenha ficado necessariamente datada.

A trama se passa em 2006 e é centrada na policial Muldoon (Andrea Riseborough) que tenta recomeçar a vida depois da morte do marido. Seu primeiro caso depois de voltar ao serviço parece se conectar com um caso brutal investigado por seu novo parceiro, Goodman (Damian Bichir), anos antes. Muldoon decide olhar os arquivos do caso antigo e descobre que a casa na qual as mortes aconteceram foi palco de múltiplos crimes ao longo dos anos. Aos poucos, ela desconfia que esses crimes podem ter uma razão sobrenatural e esbarra em uma cruel maldição.

Apesar de Muldoon ser a protagonista, a trama entra em constantes digressões e longos flashbacks que detalham os casos anteriores. Isso dá ao filme todo um ar episódico, como se estivéssemos vendo uma coletânea de curtas-metragens conectados por um fiapo de trama (a investigação da protagonista) e um tema (a maldição). Isso não seria um problema tão grande se, ao menos, essas histórias fossem interessantes, mas elas são uma coleção de lugares-comuns sem muita personalidade tipo o casal prestes a ter o primeiro filho ou o policial obcecado por um caso que não consegue resolver.

Nenhuma dessas histórias consegue ser plenamente satisfatória nem tem muito a dizer sobre os personagens que apresenta. O mesmo acontece com a trama principal da policial Muldoon. Se no início o filme faz do luto dela seu aparente arco dramático, conforme a trama progride isso é completamente esquecido e praticamente não tem repercussão na jornada da personagem. A decisão de fazer toda a trama se passar em 2006 soa aleatória e nunca é justificada, com o filme podendo se passar nos dias atuais sem que houvesse qualquer diferença.

Não ajuda que a fita não consiga criar qualquer atmosfera de temor ou suspense, preferindo se escorar em sustos previsíveis de alguma assombração pulando subitamente em cima dos personagens. Sim, o filme é competente em algumas cenas de gore, mostrando fraturas expostas, corpos sendo despedaçados ou cadáveres putrefatos, mas nada disso impacta como deveria por conta da maneira como tudo é jogado de qualquer jeito na tela.

Andrea Riseborough e Damian Bichir são eficientes em mostrar o desgaste mental causado nos personagens pela investigação e subsequente maldição. A questão é que o material não dá muito com o que o elenco possa trabalhar e, assim, fica difícil se importar muito com eles. O detetive Goodman, por sinal, não tem muito o que fazer além de explicar eventos do passado para Muldoon e é quase que completamente esquecido no clímax.

O resultado de tudo isso é que O Grito é um produto sem foco, episódico, preso a um amontoado de clichês estéticos e narrativos que não tem nada a oferecer ao espectador além de tédio.

Nota: 4/10

Trailer

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