A primeira temporada de Altered Carbon conseguia nos apresentar
a um universo cyberpunk bem singular
e junto com esse universo construía um mistério envolvente centrado no passado
do protagonista e em sua complicada relação com a irmã. Essa segunda temporada
expande ainda mais nosso entendimento sobre o universo da trama. Com
oito episódios ao invés dos dez da primeira temporada, a trama é mais concisa e
sem a sensação de filler de antes,
mas não consegue apresentar um conflito que seja tão interessante ou complexo
quanto o de seu ano de estreia.
A trama se passa trinta anos
depois da temporada anterior. Takeshi Kovacs (Anthony Mackie) é procurado por
um rico matusa do Mundo de Harlan, planeta natal do personagem, pedindo que
Kovacs o proteja de uma ameaça iminente, oferecendo a ele uma nova capa com
aprimoramentos de combate. Enquanto Kovacs é colocado em sua nova capa, seu
contratante é morto e a culpada é aparentemente Quellcrist Falconer (Renée
Elise Goldsberry), antiga amante de Takeshi, líder da resistência que pregava o
fim dos cartuchos e que supostamente estava morta há séculos.
O mistério do reaparecimento de
Quell leva Takeshi a descobrir mais no sobre seu mundo natal e amplia um pouco
nosso entendimento a respeito do que aconteceu na colonização do planeta. Por
outro lado, em termos de desenvolvimento do personagem, a busca dele por Quell
não nos diz muito que já não soubéssemos a seu respeito. Na verdade, aprendemos
mais sobre Quell e o que aconteceu com ela depois de sua aparente morte.
A busca de Takeshi o coloca
contra o coronel Carrera (Torben
Liebrecht), um novo nome para um antigo conhecido do passado do
protagonista. Há uma clara história entre os dois personagens e um rancor
passado que Carrera leva consigo pelo antigo pupilo ter deixado o Protetorado
para entrar para a resistência de Quell, mas nada que chegue perto da complexa
dinâmica entre Takeshi e Reileen (Dichen Lachman) na temporada anterior. Na
verdade, Carrera é alguém claramente maligno, a despeito do militar entrar em
conflito constante com Danica (Lela Loren), a governante do mundo que quer o
Protetorado o mais longe possível de seus assuntos. Danica também é claramente
maligna e é mais uma instância em que a série falha em trazer a complexidade
moral de sua estreia.
Temas sobre exploração e desigualdade
social continuam a ser abordados. A trama envolvendo a raça ancestral que vivia
no planeta serve para mostrar como o processo de colonização é algo violento no
qual os vitoriosos não apenas dizimam os derrotados, mas apagam a existência
deles do registro histórico e se colocam como heróis da história, se pintando
como bravos desbravadores ao invés de genocidas. Esse apagamento do passado
também é delineado no arco de Dig (Dina Shihabi), uma IA criada para ajudar nas
escavações arqueológicas do planeta, mas que ficou sem função depois que Harlan
(Neal McDonough) eliminou os arqueólogos. Dig acaba sendo encontrada por Poe
(Chris Conner), que está sofrendo bugs
desde o que lhe aconteceu na temporada anterior, e se torna uma aliada de Poe e
Takeshi.
A ação é bem conduzida e as
cenas de luta ilustram o quão letal a nova capa de Takeshi pode ser, bem como
as capacidades físicas de Quell ou dos soldados do Protetorado liderados por
Carrera. O grupo de Carrera inclusive protagoniza uma das melhores cenas de
ação da temporada, quando eles precisam matar um grupo de policiais em uma
sala, mas dispõem apenas de uma arma e trabalham em conjunto para passar a
pistola um para o outro.
A segunda temporada de Altered Carbon continua a expandir seu
envolvente universo cyberpunk, embora
não consiga trazer antagonistas e conflitos que tenham a mesma nuance de seu
primeiro ano.
Nota: 7/10
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