Um soldado é usado como cobaia em
um experimento que injetará algo em seu corpo que o tornará indestrutível e
depois tem as memórias manipuladas para ser usado como uma arma viva pelas
pessoas que o criaram. Essa é a origem do herói Wolveri...hã? Esse não é um
filme do Wolverine? Tem certeza? A premissa é a mesma. Então tá, é um filme
sobre um sujeito desmemoriado que reganha sua consciência e se recusa a ser
usado, se voltando contra aqueles que o usaram. Essa é a jornada de Jason Bour...hein?
Também não é um filme do Bourne? Bem, não, isso é a trama básica de Bloodshot, baseado no quadrinho de mesmo
nome, que nunca consegue ir além de ser uma colcha de retalhos de histórias que
já vimos antes.
Ray (Vin Diesel) é um soldado
aparentemente morto em ação. Ele acorda em um laboratório e descobre que foi
usado como cobaia em um experimento que implantou nanomáquinas em seu corpo que
praticamente o tornam imortal. Ele não se lembra do passado, mas começa a ter flashbacks do assassinato da esposa e
parte em uma jornada de vingança. No percurso, começa a suspeitar que o Dr.
Harting (Guy Pearce), o cientista responsável por seus aprimoramentos, talvez o
esteja manipulando.
O filme até tenta criar uma
reviravolta ao transformar o que pensamos ser uma trama simples de vingança em,
bem, outra trama simples de vingança, só mudando o alvo mesmo. Tirando isso não
há muito realmente o que falar. Bloodshot
é o tipo de filme que é difícil escrever sobre porque ele não te move em
nenhuma direção. Não é bom o suficiente para te deixar satisfeito, mas não é
ruim o bastante para causar irritação. É só apático. Uma colagem de cenas
desprovidas de sentimento, intenção ou vontade de dizer alguma coisa, mesmo que
apenas espetáculo de ação, que resulta em um efeito nulo sobre o espectador e,
pra mim, isso até pior que ser ruim. Uma obra ruim ao menos me faz sentir
alguma coisa, estabelece um diálogo com o espectador, mesmo que seja de rejeição,
produtos como Bloodshot, porém não
causam nada, só desperdiçam tempo mesmo.
O protagonista não tem qualquer
personalidade discernível sendo definido apenas por suas habilidades de combate
e esse vazio torna difícil que nos importemos com ele ou qualquer coisa ao seu
redor. Mesmo o romance entre Ray e KT (Eiza Gonzalez) não é suficiente para nos
aproximar desses personagens, já que a relação parece acontecer apenas porque o
roteiro assim exige. No lado dos antagonistas a coisa não é lá muito melhor,
variando entre militares sádicos genéricos, como o Dalton interpretado por Sam
Heughan (da série Outlander), e Guy
Pearce interpretando o mesmo tipo de cientista sem escrúpulos e plano vago que
já tinha feito (sem lá muito sucesso) em Homem
de Ferro 3 (2013). Quem se sai melhor é Lamorne Morris como Wiggins,
oferecendo alguns momentos de humor, mesmo sem conseguir ir além do clichê do hacker engraçadinho.
As cenas de ação são marcadas
pelo excesso de câmera lenta e montagem picotada que tornam tudo fragmentando e
travado demais, carecendo de um senso de energia, movimento e coesão espacial.
Além disso, considerando a indestrutibilidade do personagem e que não há quase
nada em risco para ele tanto física quanto emocional e psicologicamente, a ação
nunca consegue transmitir qualquer sensação de urgência ou perigo.
No fim de tudo, Bloodshot é tão apático, inane e vazio
que me pergunto qual a razão de alguém ter se dado ao trabalho de fazê-lo.
Nota: 4/10
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