quarta-feira, 11 de março de 2020

Crítica – Bloodshot


Análise Crítica – Bloodshot


Review – Bloodshot
Um soldado é usado como cobaia em um experimento que injetará algo em seu corpo que o tornará indestrutível e depois tem as memórias manipuladas para ser usado como uma arma viva pelas pessoas que o criaram. Essa é a origem do herói Wolveri...hã? Esse não é um filme do Wolverine? Tem certeza? A premissa é a mesma. Então tá, é um filme sobre um sujeito desmemoriado que reganha sua consciência e se recusa a ser usado, se voltando contra aqueles que o usaram. Essa é a jornada de Jason Bour...hein? Também não é um filme do Bourne? Bem, não, isso é a trama básica de Bloodshot, baseado no quadrinho de mesmo nome, que nunca consegue ir além de ser uma colcha de retalhos de histórias que já vimos antes.

Ray (Vin Diesel) é um soldado aparentemente morto em ação. Ele acorda em um laboratório e descobre que foi usado como cobaia em um experimento que implantou nanomáquinas em seu corpo que praticamente o tornam imortal. Ele não se lembra do passado, mas começa a ter flashbacks do assassinato da esposa e parte em uma jornada de vingança. No percurso, começa a suspeitar que o Dr. Harting (Guy Pearce), o cientista responsável por seus aprimoramentos, talvez o esteja manipulando.

O filme até tenta criar uma reviravolta ao transformar o que pensamos ser uma trama simples de vingança em, bem, outra trama simples de vingança, só mudando o alvo mesmo. Tirando isso não há muito realmente o que falar. Bloodshot é o tipo de filme que é difícil escrever sobre porque ele não te move em nenhuma direção. Não é bom o suficiente para te deixar satisfeito, mas não é ruim o bastante para causar irritação. É só apático. Uma colagem de cenas desprovidas de sentimento, intenção ou vontade de dizer alguma coisa, mesmo que apenas espetáculo de ação, que resulta em um efeito nulo sobre o espectador e, pra mim, isso até pior que ser ruim. Uma obra ruim ao menos me faz sentir alguma coisa, estabelece um diálogo com o espectador, mesmo que seja de rejeição, produtos como Bloodshot, porém não causam nada, só desperdiçam tempo mesmo.

O protagonista não tem qualquer personalidade discernível sendo definido apenas por suas habilidades de combate e esse vazio torna difícil que nos importemos com ele ou qualquer coisa ao seu redor. Mesmo o romance entre Ray e KT (Eiza Gonzalez) não é suficiente para nos aproximar desses personagens, já que a relação parece acontecer apenas porque o roteiro assim exige. No lado dos antagonistas a coisa não é lá muito melhor, variando entre militares sádicos genéricos, como o Dalton interpretado por Sam Heughan (da série Outlander), e Guy Pearce interpretando o mesmo tipo de cientista sem escrúpulos e plano vago que já tinha feito (sem lá muito sucesso) em Homem de Ferro 3 (2013). Quem se sai melhor é Lamorne Morris como Wiggins, oferecendo alguns momentos de humor, mesmo sem conseguir ir além do clichê do hacker engraçadinho.

As cenas de ação são marcadas pelo excesso de câmera lenta e montagem picotada que tornam tudo fragmentando e travado demais, carecendo de um senso de energia, movimento e coesão espacial. Além disso, considerando a indestrutibilidade do personagem e que não há quase nada em risco para ele tanto física quanto emocional e psicologicamente, a ação nunca consegue transmitir qualquer sensação de urgência ou perigo.

No fim de tudo, Bloodshot é tão apático, inane e vazio que me pergunto qual a razão de alguém ter se dado ao trabalho de fazê-lo.

Nota: 4/10


Trailer

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