segunda-feira, 2 de março de 2020

Crítica – O Homem Invisível

Análise Crítica – O Homem Invisível



Review Crítica – O Homem Invisível
Depois da tentativa fracassada em transformar seus monstros clássicos em protagonistas de filmes de aventura estilo Marvel para criar um universo compartilhado no inepto A Múmia (2017), a Universal recuou e decidiu mudar a abordagem. Com uma parceria com a produtora Blumhouse, especialista em filmes de terror, o estúdio decidiu por fazer filmes de menor orçamento, sem a obrigação de serem blockbusters gigantescos, e devolvendo-os ao reino do terror. O primeiro filme dessa leva, O Homem Invisível, mostra que foi uma escolha acertada.

A narrativa foca em Cecilia (Elizabeth Moss), uma mulher que foge do relacionamento abusivo que tinha com Adrian (Oliver Jackson-Cohen, do péssimo O Que De Verdade Importa), um magnata da tecnologia óptica. Duas semanas depois de deixar Adrian, Cecilia recebe a notícia de que ele cometeu suicídio e que ela herdaria parte da fortuna de Adrian. A partir desse ponto, Cecilia começa a perceber coisas estranhas acontecendo em sua casa e desconfia que Adrian esteja vivo e encontrou um jeito de continuar a atormentá-la.

Como o filme se chama O Homem Invisível fica evidente desde o início que Cecilia está certa e, assim, não há muita incerteza ou suspense em relação ao que de fato está acontecendo com a protagonista. Ainda assim a trama consegue extrair tensão da situação ao explorar o modo como a sociedade trata mulheres que relatam algum tipo de violência e perseguição, considerando-as como loucas e exageradas. Assim, tememos por Cecilia justamente por sabermos que ela está certa enquanto todos os outros ao redor duvidam dela. Tememos também por reconhecermos a fragilidade mental dela, ainda sofrendo com estresse pós-traumático e como isso pode tornar mais difícil que ela confronte seu agressor.


A maneira como é filmado contribui para o senso de paranoia de que os personagens estão sendo observados por uma força invisível. A câmera constantemente se posiciona em frestas, cantos e quinas de parede, como se assumisse o ponto de vista de alguém se esgueirando para observar os personagens. Do mesmo modo, a câmera muitas vezes se movimenta por cômodos vazios, como se seguisse os passos de alguém que não estamos enxergando. Assim, a cada objeto e cai ou cada porta entreaberta, ficamos tensos imaginando se há uma ameaça presente.

Nesse sentido, o filme consegue nos colocar no estado mental de Cecilia, sempre com medo de uma ameaça que pode estar ou não ali, sempre temendo que seu agressor continue a exercer controle sobre ela, nos fazendo sentir como se também estivéssemos experimentando o trauma pelo qual Cecilia passou. Elizabeth Moss, inclusive, é ótima em mostrar o impacto dos anos de abuso em Cecilia, que mesmo livre de seu agressor (e antes de saber de sua suposta morte) continua a vê-lo em todo lugar e em cada homem que se aproxima, como fica evidente na cena em que ela sai para pegar a correspondência.

Conforme a narrativa progride e a presença de Adrian se torna mais evidente, a trama nos mostra o quão terrível alguém com poderes de invisibilidade pode ser. Esse elemento fica bem explícito durante o clímax, em especial na cena em que o homem invisível executa uma dezena de guardas de maneira extremamente violenta e com muita facilidade.

O Homem Invisível funciona como uma competente metáfora para o trauma, sendo eficiente em gerar uma atmosfera tensão a partir de sua principal ameaça.

Nota: 8/10

Trailer


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