Depois da fraca terceira temporada, pensei seriamente em não retornar a Blindspot. Na verdade, só retornei por estava procurando algo para
assistir durante a quarentena e fui sem esperar muito. Felizmente esse quarto
ano apresenta uma melhora em relação ao anterior, ainda que exiba também alguma
parcela de problemas. Aviso que o texto a seguir pode conter SPOILERS.
A temporada começa meses depois
do final da anterior. Jane (Jamie Alexander) e Kurt (Sullivan Stapleton) se
recuperaram e estão de volta à ação em busca dos discos rígidos escondidos por
Roman (Luke Mitchell) sobre Sandstorm. Ao mesmo tempo, Zapata (Audrey Esparza)
se infiltra na HCI Global, a empresa de Hank Crawford, vilão da terceira
temporada. Zapata espera que a filha de Hank tome o controle da empresa, mas é
surpreendida quando a misteriosa Madeline Burke (Mary Elizabeth Mastrantonio)
mata todos os membros do conselho da empresa e toma o controle para si.
Eu critiquei a temporada anterior
por falhar em conseguir reinventar a dinâmica da série e reciclar os mesmos
conflitos e o início desse quarto ano pareceu que iria pelo mesmo caminho. Ao
descobrir que está morrendo por conta do Zip, a droga que tirou sua memória na
primeira temporada, Jane não só retorna a sua personalidade da época da
Sandstorm, como passa a delirar com Roman a instigando a derrubar o FBI e
cumprir o plano de Sandstorm. Ou seja, mais uma vez a série recomeça do zero a
relação de Jane com os demais membros do FBI, principalmente com Kurt, já que
ela mais uma vez vai se apaixonar novamente por ele, repetindo os mesmos
conflitos de relacionamento das temporadas anteriores.
Essa trama também tem dificuldade
de engrenar porque Roman não consegue funcionar como o proverbial demônio no
ombro de Jane. Desde a temporada anterior comento o trabalho apático de Luke
Mitchell e como ele carece de uma presença imponente ou de uma aura de ameaça e
isso fica evidente aqui. As visões de Roman deveriam ser uma presença
corruptora, cuja aparição nos faria temer pelo que ele convenceria Jane a
fazer, mas o personagem nunca tem o impacto que deveria. Eu entendo que Jane
delirar com Roman faz sentido narrativamente, já que ela ainda se culpa pelo
destino do irmão, mas Mitchell não consegue fazer Roman funcionar.
Felizmente toda essa reciclagem
de conflitos é resolvida antes que a temporada chegue na metade e a temporada
torna seu foco em Madeline, que se torna a ameaça principal da temporada.
Madeline é a melhor vilã desde Shepherd (Michelle Hurd), conseguindo estar
sempre passos a frente dos heróis e demonstrando ser implacável na maneira como
conduz seus planos, soando como uma ameaça crível à equipe do FBI e que
verdadeiramente cria suspense se os protagonistas conseguirão superá-la.
A segunda metade da temporada
também consegue finalmente mover adiante as relações entre os personagens,
consolidando a relação de Jane e Kurt ou lidando com a estremecida relação
entre Reade (Rob Brown) e Zapata. Também como amarra algumas tramas que ainda
estavam em aberto ao fechar, por exemplo, as questões de Jane com Shepherd,
permitindo a trama efetivamente mire no que está adiante ao invés de ficar
retornando aos mesmos conflitos de sempre.
Tudo isso trabalha em favor da
série conforme a temporada se aproxima do final e Madeline parece perto de
cumprir seu plano de sabotar a infraestrutura do país. O desfecho é carregado
de tensão conforme a vilã consegue fechar o cerco ao redor dos protagonistas e
aos poucos vamos descobrindo que ela sempre esteve adiante do raciocínio deles,
entregando um clímax poderoso que finalmente tem coragem alterar o status quo dos personagens e que deixa
um instigante gancho para a próxima e última temporada.
A quarta temporada de Blindspot demora a se desprender do
hábito de reciclar os mesmos conflitos, mas quando finalmente consegue seguir
adiante entrega um aventura carregada de adrenalina sustentada por uma hábil
antagonista.
Nota: 7/10
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