Considerando que as produções
originais da Netflix constantemente entregam produtos meia-boca, não esperava
muita coisa quando fui assistir este Resgate.
No entanto, encontrei um filme que consegue entregar competentes cenas de ação,
ainda que a trama em si seja uma coleção de lugares-comuns.
A trama é centrada em Tyler
(Chris Hemsworth), um ex-militar que se tornou mercenário. Tyler é contratado
para resgatar Ovi (Rudhraksh Jaiswal), filho de um poderoso criminoso indiano
que foi sequestrado por um rival. Inicialmente parece uma missão simples, mas
logo ele encontra complicações que irão testar seu senso de honra e dever.
O protagonista é o típico herói
de ação durão em busca de redenção por um trauma do passado. É bem óbvio desde
o início que Tyler e Ovi irão forjar um laço de amizade que aproximará os dois
personagens e fará Tyler correr riscos que vão para além de seus deveres como
mercenário. É bem clichê, mas funciona porque Hemsworth e Jaiswal tem uma boa
química e constroem um sentimento genuíno e crível entre os dois. Toda a trama
que serve de pano de fundo, por outro, lado, envolvendo as diferentes forças
que estão atrás do garoto, são desnecessariamente confusas e se complicam mais
do que deveriam com o intento de inserir constantes reviravoltas.
A ação acaba sendo o elemento
principal. Já que a trama consiste em basicamente levar alguém de um ponto A a
um ponto B, boa parte da minutagem é ocupada por perseguições, lutas e
tiroteios e elas não decepcionam. Os embates são brutais, evidenciando a
letalidade e experiência de combate de Tyler. A câmera acompanha os movimentos
velozes do protagonista sem precisar parecer desnecessariamente trêmula e a
montagem dá espaço para que percebamos tudo que acontece sem precisar cortar a
cada dois segundos.
Inclusive, o trabalho de câmera,
seguindo sem parar o protagonista, muitas vezes é feito para mascarar os cortes
da montagem e dar a impressão de um plano sequência, conferindo mais coesão aos
embates. Um exemplo disso é a cena em que Tyler começa a lutar em uma varanda,
quando ele e seu oponente caem na rua abaixo deles. A câmera acompanha o
movimento, mas desvia dos personagens por um ou dois segundos, dando tempo
suficiente para inserir um corte ali.
Apesar de ser um combatente hábil
e experiente, a trama evita construir Tyler como uma máquina de matar
indestrutível, um erro comum em muitos filmes de ação, trazendo consequências
para cada ferimento. Conforme a trama progride e o personagem se machuca, vemos
seu estado físico se deteriorar e as coisas ficarem mais difíceis. Isso
adiciona mais tensão, já que deixa claro que há um senso claro de consequência
e cada ferimento diminui as chances de sucesso. Claro, está longe de ser o
primeiro filme a fazer isso, Duro de
Matar (1988), por exemplo, já fazia algo similar trinta anos atrás, porém é
suficientemente bem utilizado aqui para funcionar.
Apesar da trama extremamente
básica, Resgate acaba valendo a pena
pelas boas cenas de ação.
Nota: 6/10
Trailer
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