A série documental A Máfia dos Tigres virou febre nas
últimas semanas graças à insana história real que conta. Quando escrevi sobre
ela, mencionei que o último episódio andava rápido demais, que muitas tramas
ficavam relegadas a serem explicadas via cartelas de texto e que talvez fosse
melhor ter um episódio adicional. Pois a Netflix de fato fez um episódio
adicional para a série neste O Rei Tigre
e Eu, mas é menos uma extensão da série e mais um complemento com
entrevistas em que alguns dos participantes falam de suas vidas pós-série.
Apresentado por Joel McHale (de Community) funciona como uma espécie de talk-show remoto, já que, por conta da
pandemia, cada participante fala de sua respectiva casa. Os participantes são,
na maioria, coadjuvantes da série, ex-funcionários de Joe Exotic. Considerando
que muitos dos protagonistas tem seus crimes, suspeitas de crimes e
contradições reveladas, era de se imaginar que figuras como Carole Baskin ou
“Doc” Antle não participariam, sendo Jeff Lowe o único dos personagens
principais presentes.
O problema, no entanto, é que o
episódio falha em nos dar um entendimento maior sobre aquelas pessoas ou os
eventos mostrados na série. A fala dos ex-funcionários só diz coisas que o
documentário já mostrou sobre Exotic, que ele é um ególatra instável que trata
mal todos a sua volta. A única revelação significativa vem da entrevista com o
gestor de campanha de Joe, que conta que o suicídio de Travis, um dos maridos
de Joe, teria sido acidental, com Travis aparentemente sem saber que a arma
estava carregada.
O episódio tem alguns momentos de
humor graças as reações e perguntas inesperadas de McHale a esse elenco de
figuras pitorescas. Em programas como The
Soup e The Joel McHale, o ator
fez uma carreira em cima de comentar as cenas mais insólitas de programas de
televisão e reality shows, então ele
tem bastante jogo de cintura para lidar e extrair humor das interações com
esses sujeitos insólitos.
Ainda assim, esse o Rei Tigre e Eu não consegue afastar a
sensação de um produto apressado, feito a toque de caixa para capitalizar em
cima da febre que a série virou, mas sem efetivamente oferecer muito conteúdo
ao espectador.
Nota: 5/10
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