sexta-feira, 15 de maio de 2020

Crítica – Bons Meninos


Análise Crítica – Bons Meninos

Review – Bons Meninos
Eu me surpreendi positivamente com esse Bons Meninos. Parecia ser só uma espécie de cópia de Superbad (2007) com personagens um pouco mais jovens e sob o ponto de vista da trama até que é isso. Mas não imaginava que uma trama besteirol estrelada por personagens pré-adolescentes conseguisse criar situações tão absurdas e, ao mesmo tempo, conseguisse equilibrar todo esse besteirol com sentimento genuíno. Só para deixar claro, apesar de ter personagens pré-adolescentes, essa não é uma comédia para o público infantil.

A narrativa gira em torno do trio Max (Jacob Tremblay), Thor (Brady Noon) e Lucas (Keith L. Williams), garotos que acabaram de chegar na sexta série e esperam se tornar descolados. A oportunidade surge quando são convidados para a festa de um dos garotos populares, na qual Max vê a oportunidade de se declarar para Brixlee (Millie Davis), a menina de quem gosta. Chegar a essa festa não vai ser fácil e no caminho os garotos encontrarão muitas confusões.

É um fiapo de roteiro que poderia se transformar em algo entediante se não houvesse uma série de situações absurdas e criativas para preencher o percurso. Muito do humor vem da reação dos garotos a coisas do universo adulto que eles não entendem ou que analisam com um olhar muito ingênuo, como na cena em que encontram os objetos sexuais dos pais de Thor e acham que são armas, confundindo contas anais com um nunchaku, uma máscara de sadomasoquismo com uma máscara ninja ou uma boneca sexual ultra realista com um boneco de treinamento para primeiros socorros.

Em outros momentos o filme diverte pelo puro absurdo, como o tiroteio de paintball em uma república de universitários ou a tentativa de atravessar uma autoestrada que termina em um múltiplo engavetamento. O texto também acerta no modo como brinca com certos clichês de tramas adolescentes. Quando Max fala sobre Brixlee, temos a tradicional montagem em câmera lenta da garota andando pelo corredor, mas as ações dela em cena são de coisas pouco, digamos, apaixonantes, como ela espirrando ou lavando o aparelho móvel dos dentes.

Apesar de todos os absurdos e linguagem chula, o filme também encontra espaço para construir sentimentos genuínos entre seus personagens, como o despertar afetivo de Max, que passa a se interessar por garotas antes dos demais amigos, ou a preocupação de Lucas com o divórcio dos pais que o faz perceber o risco de que seus amigos também podem se afastar dele. Na verdade essa ideia de crescer e deixar de lado certas coisas que antes pareciam essenciais é o cerne temático do filme, a ideia de que pessoas desenvolvem interesses e prioridades diferentes, que se distanciam umas das outras e que é normal que isso aconteça, lembrando que esse distanciamento não significa esquecer do afeto com esses amigos nem desvaloriza o que foi vivido em conjunto. O trio de atores principais é bem eficiente em nos convencer da conexão e do afeto entre esses três garotos.

Bons Meninos oferece uma boa dose de comédia besteirol acompanhada de uma construção sentimental agridoce sobre amadurecimento e amizade que parece dissonante, mas acaba funcionando muito bem.

Nota: 8/10


Trailer

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