Estrelado por Aubrey Plaza, este Ingrid Vai Para o Oeste se apresenta
como uma comédia ácida sobre os efeitos das redes sociais nas vidas das pessoas
e sobre a saúde mental. O filme, no entanto, nunca vai além dos sensos comuns
sobre o tema, nem vai muito fundo na acidez ou na comédia sombria.
Na trama, Ingrid (Aubrey Plaza)
tem um colapso mental e é internada em uma instituição para se tratar. Ao sair,
ela se torna obcecada pela influencer
Taylor Sloane (Elizabeth Olsen) e decide mudar para Los Angeles para tentar se
aproximar dela. Aos poucos Ingrid começa a se colocar no círculo social de
Taylor, mas vai descobrindo que aquela vida de Instagram não é tão perfeita no
mundo real.
Conforme vai conhecendo Taylor,
Ingrid descobre que todas aquelas atividades aparentemente espontâneas, como
comer em um determinado lugar ou usar roupas de uma marca específica, são na
verdade postagens pagas pelas marcas para divulgar seus produtos e que Taylor
não necessariamente usa aquelas coisas em seu cotidiano. Do mesmo modo, como
fica evidente na cena em que Ingrid e Taylor vão tirar uma foto no deserto,
vemos como as fotos aparentemente perfeitas das pessoas nas redes sociais são,
na verdade, altamente produzidas.
A trama ainda mostra como é fácil
que as pessoas, como no caso de Ingrid, confundam essa capacidade que as redes sociais
dão para acompanhar o cotidiano de alguém com uma intimidade real com essa
pessoa. Essas redes dão a ilusão de que fazemos parte da vida dos sujeitos que
seguimos, quando estamos completamente distantes deles e que a vida dessas
pessoas não é o que está na internet.
A questão é que apesar de
ilustrar bem essas situações, o filme nunca vai muito a fundo nisso e não sai
desses sensos comuns já conhecidos sobre a ilusão das redes sociais, falhando
em oferecer algum comentário mais consistente sobre o tema. Falha também nas
tentativas de extrair humor ao comentar sobre o absurdo e a falta de noção
daquelas pessoas, investindo em arcos desinteressantes, como todo o segmento em
que Ingrid é chantageada, que não funcionam enquanto comédia ou como comentário
social.
O arco da chantagem também serve
para forçar o inevitável rompimento entre Ingrid e Taylor, quando seria mais
interessante se esse afastamento acontecesse pela conduta grudenta e possessiva
de Ingrid sabotando o relacionamento das duas, do que catalisadas por esse
evento externo. Ao invés de explorar o excesso de apego e obsessão da
personagem com a influenciadora, o texto opta por esse arco pseudo-criminal que
evoca algo saído da mente dos irmãos Coen, mas sem a ironia ácida ou o senso de
absurdo.
Aubrey Plaza consegue mostrar a
instabilidade e a carência de Ingrid sem descambar para a caricatura e sem
vilanizar completamente a garota, mostrando uma vulnerabilidade, solidão e
busca desesperada por conexão humana que nos faz ter pena da protagonista. Por
outro lado, Elizabeth Olsen faz de Taylor um completo embuste, alguém que se
apresenta na internet como uma pessoa sensível e sagaz, mas que na vida real é
completamente desprovida de personalidade, sendo fútil e vazia. Ambas, no
entanto, são prejudicadas pela superficialidade do texto.
Ingrid Vai Para o Oeste exibe bem a artificialidade e o engodo da
vida perfeita vendida por influenciadores em redes sociais, mas não consegue ir
além das críticas já conhecidas e dos sensos comuns sobre o tema.
Nota: 5/10
Trailer
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