terça-feira, 19 de maio de 2020

Crítica – Ingrid Vai Para o Oeste


Análise Crítica – Ingrid Vai Para o Oeste

Review – Ingrid Vai Para o OesteEstrelado por Aubrey Plaza, este Ingrid Vai Para o Oeste se apresenta como uma comédia ácida sobre os efeitos das redes sociais nas vidas das pessoas e sobre a saúde mental. O filme, no entanto, nunca vai além dos sensos comuns sobre o tema, nem vai muito fundo na acidez ou na comédia sombria.

Na trama, Ingrid (Aubrey Plaza) tem um colapso mental e é internada em uma instituição para se tratar. Ao sair, ela se torna obcecada pela influencer Taylor Sloane (Elizabeth Olsen) e decide mudar para Los Angeles para tentar se aproximar dela. Aos poucos Ingrid começa a se colocar no círculo social de Taylor, mas vai descobrindo que aquela vida de Instagram não é tão perfeita no mundo real.

Conforme vai conhecendo Taylor, Ingrid descobre que todas aquelas atividades aparentemente espontâneas, como comer em um determinado lugar ou usar roupas de uma marca específica, são na verdade postagens pagas pelas marcas para divulgar seus produtos e que Taylor não necessariamente usa aquelas coisas em seu cotidiano. Do mesmo modo, como fica evidente na cena em que Ingrid e Taylor vão tirar uma foto no deserto, vemos como as fotos aparentemente perfeitas das pessoas nas redes sociais são, na verdade, altamente produzidas.

A trama ainda mostra como é fácil que as pessoas, como no caso de Ingrid, confundam essa capacidade que as redes sociais dão para acompanhar o cotidiano de alguém com uma intimidade real com essa pessoa. Essas redes dão a ilusão de que fazemos parte da vida dos sujeitos que seguimos, quando estamos completamente distantes deles e que a vida dessas pessoas não é o que está na internet.

A questão é que apesar de ilustrar bem essas situações, o filme nunca vai muito a fundo nisso e não sai desses sensos comuns já conhecidos sobre a ilusão das redes sociais, falhando em oferecer algum comentário mais consistente sobre o tema. Falha também nas tentativas de extrair humor ao comentar sobre o absurdo e a falta de noção daquelas pessoas, investindo em arcos desinteressantes, como todo o segmento em que Ingrid é chantageada, que não funcionam enquanto comédia ou como comentário social.

O arco da chantagem também serve para forçar o inevitável rompimento entre Ingrid e Taylor, quando seria mais interessante se esse afastamento acontecesse pela conduta grudenta e possessiva de Ingrid sabotando o relacionamento das duas, do que catalisadas por esse evento externo. Ao invés de explorar o excesso de apego e obsessão da personagem com a influenciadora, o texto opta por esse arco pseudo-criminal que evoca algo saído da mente dos irmãos Coen, mas sem a ironia ácida ou o senso de absurdo.

Aubrey Plaza consegue mostrar a instabilidade e a carência de Ingrid sem descambar para a caricatura e sem vilanizar completamente a garota, mostrando uma vulnerabilidade, solidão e busca desesperada por conexão humana que nos faz ter pena da protagonista. Por outro lado, Elizabeth Olsen faz de Taylor um completo embuste, alguém que se apresenta na internet como uma pessoa sensível e sagaz, mas que na vida real é completamente desprovida de personalidade, sendo fútil e vazia. Ambas, no entanto, são prejudicadas pela superficialidade do texto.

Ingrid Vai Para o Oeste exibe bem a artificialidade e o engodo da vida perfeita vendida por influenciadores em redes sociais, mas não consegue ir além das críticas já conhecidas e dos sensos comuns sobre o tema.

Nota: 5/10


Trailer

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