Baseado em uma história real, Lost Girls: Os Crimes de Long Island
acompanha uma mãe, Mari (Amy Ryan), que tenta desvendar por conta própria o
desaparecimento da filha quando percebe a inação da polícia. As buscas acabam
revelando vários corpos enterrados em uma área próxima, mas não o de Shannan, a
filha de Mari. Como Shannan, assim como as demais mulheres encontradas mortas,
também era prostituta, a polícia suspeita de que a filha da Mari também possa
estar morta e que todas foram mortas pela mesma pessoa.
Além de mostrar o percurso
investigativo e o descaso da polícia, o filme tenta também falar sobre o
machismo estrutural que está por trás do tratamento dado ao caso pela polícia e
pela mídia. Sempre tachando as mulheres como prostitutas, sem tentar
apresentá-las como qualquer outra coisa além disso, a imprensa ou a polícia tratam
as vítimas como se fossem culpadas pelas próprias mortes e como pessoas
indignas de preocupação ou revolta por conta de mortes tão violentas. Ao mesmo
tempo, há um esforço de mostrar como a morte de Shannan pesa na família de Mari
e na relação da matriarca com as duas filhas mais novas.
São muitos elementos para a curta
duração do longa, com cerca de noventa minutos, o que significa que nenhum
desses temas ou arcos de personagem é desenvolvido muito a fundo. Alguns
diálogos de Mari para as filhas, Sherre (Thomasin Mackenzie) e Sarra (Oona
Laurence) ou para o comissário de polícia Richard (Gabriel Byrne) expõem o tema
do machismo, mas nunca vão a fundo para tentar entender esses mecanismos. A
relação de Mari com as filhas também é construída de maneira muito superficial
e detalhes da investigação também passam rapidamente.
Por conta de tentar colocar
tantos elementos em um filme não tão longo, muita coisa acaba sendo relegada a
cartelas de texto no final, o que tira o impacto de muitos dos arcos narrativos.
Se a ideia era apenas recontar, registrar e divulgar os fatos da investigação e
as consequências dela na vida dos envolvidos, teria sido melhor fazer um
documentário.
A diretora Liz Garbus, no
entanto, acerta na sutileza com a qual comunica muitos elementos da trama.
Talvez essas escolhas tenham se originado no fato de efetivamente não haver
muito espaço na minutagem para desenvolver mais certos arcos, mas ainda assim a
diretora oferece muitos momentos em que as imagens comunicam muito. Um exemplo
é o breve plano, já perto do final em que vemos Sarra com um curativo ao redor
do pulso, sugerindo uma tentativa de suicídio e o agravamento de seus problemas
psiquiátricos sem que ninguém precise dizer uma palavra sobre isso.
A atriz Amy Ryan consegue apresentar
a dor e revolta que movem Mari a enfrentar a polícia e conduzir suas próprias
investigações. Conseguimos ver nela a desolação de uma mãe não apenas triste
pela morte da filha, mas que se culpa por ter fracassado em proteger a prole.
Conforme aprendemos mais sobre Mari vamos percebendo também que sua obstinação
em encontrar respostas é também uma tentativa de se redimir por erros do
passado.
Lost Girls: Os Crimes de Long Island não consegue dar conta de
desenvolver todos os temas e tramas que insere, mas vale pelo trabalho de Amy
Ryan e condução sutil de Liz Garbus.
Nota: 6/10
Trailer
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