quinta-feira, 14 de maio de 2020

Crítica – Lost Girls: Os Crimes de Long Island



Análise Crítica – Lost Girls: Os Crimes de Long Island

Review – Lost Girls: Os Crimes de Long IslandBaseado em uma história real, Lost Girls: Os Crimes de Long Island acompanha uma mãe, Mari (Amy Ryan), que tenta desvendar por conta própria o desaparecimento da filha quando percebe a inação da polícia. As buscas acabam revelando vários corpos enterrados em uma área próxima, mas não o de Shannan, a filha de Mari. Como Shannan, assim como as demais mulheres encontradas mortas, também era prostituta, a polícia suspeita de que a filha da Mari também possa estar morta e que todas foram mortas pela mesma pessoa.

Além de mostrar o percurso investigativo e o descaso da polícia, o filme tenta também falar sobre o machismo estrutural que está por trás do tratamento dado ao caso pela polícia e pela mídia. Sempre tachando as mulheres como prostitutas, sem tentar apresentá-las como qualquer outra coisa além disso, a imprensa ou a polícia tratam as vítimas como se fossem culpadas pelas próprias mortes e como pessoas indignas de preocupação ou revolta por conta de mortes tão violentas. Ao mesmo tempo, há um esforço de mostrar como a morte de Shannan pesa na família de Mari e na relação da matriarca com as duas filhas mais novas.

São muitos elementos para a curta duração do longa, com cerca de noventa minutos, o que significa que nenhum desses temas ou arcos de personagem é desenvolvido muito a fundo. Alguns diálogos de Mari para as filhas, Sherre (Thomasin Mackenzie) e Sarra (Oona Laurence) ou para o comissário de polícia Richard (Gabriel Byrne) expõem o tema do machismo, mas nunca vão a fundo para tentar entender esses mecanismos. A relação de Mari com as filhas também é construída de maneira muito superficial e detalhes da investigação também passam rapidamente.

Por conta de tentar colocar tantos elementos em um filme não tão longo, muita coisa acaba sendo relegada a cartelas de texto no final, o que tira o impacto de muitos dos arcos narrativos. Se a ideia era apenas recontar, registrar e divulgar os fatos da investigação e as consequências dela na vida dos envolvidos, teria sido melhor fazer um documentário.

A diretora Liz Garbus, no entanto, acerta na sutileza com a qual comunica muitos elementos da trama. Talvez essas escolhas tenham se originado no fato de efetivamente não haver muito espaço na minutagem para desenvolver mais certos arcos, mas ainda assim a diretora oferece muitos momentos em que as imagens comunicam muito. Um exemplo é o breve plano, já perto do final em que vemos Sarra com um curativo ao redor do pulso, sugerindo uma tentativa de suicídio e o agravamento de seus problemas psiquiátricos sem que ninguém precise dizer uma palavra sobre isso.

A atriz Amy Ryan consegue apresentar a dor e revolta que movem Mari a enfrentar a polícia e conduzir suas próprias investigações. Conseguimos ver nela a desolação de uma mãe não apenas triste pela morte da filha, mas que se culpa por ter fracassado em proteger a prole. Conforme aprendemos mais sobre Mari vamos percebendo também que sua obstinação em encontrar respostas é também uma tentativa de se redimir por erros do passado.

Lost Girls: Os Crimes de Long Island não consegue dar conta de desenvolver todos os temas e tramas que insere, mas vale pelo trabalho de Amy Ryan e condução sutil de Liz Garbus.

Nota: 6/10


Trailer

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