quinta-feira, 4 de junho de 2020

Crítica – Chips: O Filme



Análise Crítica – Chips: O Filme

Review – Chips: O FilmeÉ bem evidente desde os primeiros minutos desse Chips: O Filme que a intenção é refazer a famosa série Chips, estrelada por Erik Estrada na década de 70, em uma comédia sem noção nos moldes do remake de Anjos da Lei para os cinemas. No entanto, esse Chips: O Filme carece do nível de absurdo e metalinguagem que as comédias estreladas por Jonah Hill e Channing Tatum exibiam.

Na trama, Jon (Dax Shepard) é um motociclista em fim de carreira depois de múltiplos acidentes e decide se reinventar entrando para a patrulha rodoviária da Califórnia. Ele acaba se tornando parceiro de Frank “Ponch” Poncherello (Michael Peña), sem saber que Ponch é na verdade um agente do FBI infiltrado na patrulha para desbaratar uma gangue de oficiais corruptos que tem cometido roubos nas rodovias.

Inicialmente parece ser uma típica trama de uma dupla de policiais com personalidades opostas que acaba se aproximando apesar das diferenças. O problema é que os dois são tão idiotas e babacas que é difícil se importar com qualquer um deles. Boa parte do humor se baseia em piadas repetitivas envolvendo Jon não percebendo que sua ex-mulher Karen (Kristen Bell) não gosta mais dele e já está com outro ou constantes imagens de náusea e vômito. Enquanto que as piadas envolvendo Ponch giram em torno dele rejeitar qualquer aproximação ou contato com Jon por considerar isso “gay”, como se abraçar um cara de cueca no vestiário automaticamente mexesse na sexualidade de alguém.

O filme tenta apontar a homofobia do personagem, mas o resultado das piadas sempre pende para ridicularizar a intimidade masculina e não a conduta de Ponch, evidenciando que o ridículo não é o cara achar que abraçar um homem no vestiário fosse afetar sua sexualidade, mas que o ato em si se dois homens se abraçando de cueca é ridículo. O texto podia levar essas piadas para outras direções sem apelar para preconceitos anacrônicos, mas prefere investir no menor denominador.

Falando em preconceitos, isso se verifica também nas personagens femininas que se dividem basicamente em duas categorias. Ou são megeras castradoras ou existem apenas para serem objetos sexuais e os protagonistas comentarem o quanto são gostosas. Algumas até misturam esses dois aspectos, como Karen. Isso mais uma vez mostra o olhar datado do filme, um anacronismo que não faz sentido ou tem graça na contemporaneidade.

Vincent D’Onofrio (que foi o Rei do Crime na recente série do Demolidor), consegue dar alguma aura de ameaça ao vilão Ray, embora o personagem não tenha lá muito desenvolvimento ou motivação específica durante boa parte da trama. As perseguições de moto acertam ao priorizar o uso de dublês e efeitos práticos, evitando ao máximo computação gráfica, o que ajuda a dar um senso maior de realismo. Por outro lado, as cenas de ação pesam a mão no exagero das explosões, mais parecendo um filme do Michael Bay (e isso não é um elogio), com qualquer colisão entre veículos resultando em uma gigantesca bola de fogo explodindo tudo ao redor, algo que só aconteceria se esses veículos estivessem cheios de nitroglicerina em seus porta-malas.

Antiquado, repetitivo, sem graça e cheio de preconceitos, não há muito o que aproveitar nesse Chips: O Filme

Nota: 3/10


Trailer

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