É bem evidente desde os primeiros
minutos desse Chips: O Filme que a
intenção é refazer a famosa série Chips,
estrelada por Erik Estrada na década de 70, em uma comédia sem noção nos moldes
do remake de Anjos da Lei para os
cinemas. No entanto, esse Chips: O Filme
carece do nível de absurdo e metalinguagem que as comédias estreladas por Jonah
Hill e Channing Tatum exibiam.
Na trama, Jon (Dax Shepard) é um
motociclista em fim de carreira depois de múltiplos acidentes e decide se
reinventar entrando para a patrulha rodoviária da Califórnia. Ele acaba se
tornando parceiro de Frank “Ponch” Poncherello (Michael Peña), sem saber que
Ponch é na verdade um agente do FBI infiltrado na patrulha para desbaratar uma
gangue de oficiais corruptos que tem cometido roubos nas rodovias.
Inicialmente parece ser uma
típica trama de uma dupla de policiais com personalidades opostas que acaba se
aproximando apesar das diferenças. O problema é que os dois são tão idiotas e
babacas que é difícil se importar com qualquer um deles. Boa parte do humor se
baseia em piadas repetitivas envolvendo Jon não percebendo que sua ex-mulher
Karen (Kristen Bell) não gosta mais dele e já está com outro ou constantes
imagens de náusea e vômito. Enquanto que as piadas envolvendo Ponch giram em
torno dele rejeitar qualquer aproximação ou contato com Jon por considerar isso
“gay”, como se abraçar um cara de cueca no vestiário automaticamente mexesse na
sexualidade de alguém.
O filme tenta apontar a homofobia
do personagem, mas o resultado das piadas sempre pende para ridicularizar a
intimidade masculina e não a conduta de Ponch, evidenciando que o ridículo não
é o cara achar que abraçar um homem no vestiário fosse afetar sua sexualidade,
mas que o ato em si se dois homens se abraçando de cueca é ridículo. O texto
podia levar essas piadas para outras direções sem apelar para preconceitos
anacrônicos, mas prefere investir no menor denominador.
Falando em preconceitos, isso se
verifica também nas personagens femininas que se dividem basicamente em duas
categorias. Ou são megeras castradoras ou existem apenas para serem objetos
sexuais e os protagonistas comentarem o quanto são gostosas. Algumas até
misturam esses dois aspectos, como Karen. Isso mais uma vez mostra o olhar
datado do filme, um anacronismo que não faz sentido ou tem graça na
contemporaneidade.
Vincent D’Onofrio (que foi o Rei
do Crime na recente série do Demolidor), consegue dar alguma aura de ameaça ao
vilão Ray, embora o personagem não tenha lá muito desenvolvimento ou motivação
específica durante boa parte da trama. As perseguições de moto acertam ao
priorizar o uso de dublês e efeitos práticos, evitando ao máximo computação
gráfica, o que ajuda a dar um senso maior de realismo. Por outro lado, as cenas
de ação pesam a mão no exagero das explosões, mais parecendo um filme do
Michael Bay (e isso não é um elogio), com qualquer colisão entre veículos
resultando em uma gigantesca bola de fogo explodindo tudo ao redor, algo que só
aconteceria se esses veículos estivessem cheios de nitroglicerina em seus
porta-malas.
Antiquado, repetitivo, sem graça
e cheio de preconceitos, não há muito o que aproveitar nesse Chips: O Filme
Nota: 3/10
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