De certa forma este Festival
Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars acaba sendo similar a outras
comédias protagonizadas por Will Ferrell. Tal como em Ricky Bobby: A Toda Velocidade (2006) e Escorregando para a Glória (2007), é uma história sobre um sujeito
faz uma dupla com outra pessoa igualmente excêntrica para participar de uma
competição em um nicho muito específico.
Na trama, Lars (Will Ferrell) e Sigrit (Rachel McAdams) tem
uma banda juntos e sonham em participar do festival Eurovision (uma competição
real que existe desde 1956), que reúne músicos de toda Europa em uma competição
musical, representando a Islândia, pais natal deles. Quando uma série de
acidentes bizarros elimina todos os outros músicos islandeses que tentavam
entrar no festival, Lars e Sigrit tem a chance de realizar o sonho deles.
O problema no filme nem é parecer demais em termos de
premissa com outros feitos por Ferrell e sim não conseguir nos envolver com esses
personagens. Ferrell aqui e ali consegue colocar uma frase de efeito divertida,
mas muito da comédia, como a relação entre Lars e o pai (Pierce Brosnan), e
outros elementos não funcionam.
Rachel McAdams traz doçura e ingenuidade a Sigrit, no
entanto, sua personagem é limitada a gravitar ao redor de Lars e ela não tem
muita chance em momentos cômicos, o que é uma pena já que a atriz mostrou
repetidas vezes, em filmes como Meninas
Malvadas (2004) ou A Noite do Jogo (2018)
que tem talento para comédia. Os momentos mais importantes da personagem são os
números musicais e esses não são completamente mérito da atriz, já que os
vocais das canções não são dela e sim da cantora Molly Sanden.
Todo arco romântico entre Lars e Sigrit não funciona porque
o texto não consegue criar um conflito ou uma motivação convincente para eles
não estarem romanticamente juntos apesar de conviverem diariamente há décadas.
A justificativa de Lars de que “estragaria a amizade” convenceria se os
personagens fossem adolescentes ou jovens de vinte e poucos anos, mas como dois
adultos que já passaram da casa dos quarenta a essa altura era de se imaginar
que eles já tenham se dado conta que a conexão entre eles é maior que amizade.
Com isso, nenhum conflito ou obstáculo soa convincente como impedimento para
que o enlace amoroso aconteça e é difícil se importar com eles.
Os números musicais são o único ponto positivo, que
conseguem evocar a natureza grandiloquente, exagerada e meio cafona do
Eurovision real sem nunca parecer que estão ridicularizando esse nicho musical.
As cenas do festival ainda trazem o apresentador britânico Graham Norton (um
dos melhores apresentadores de talk show
em atividade hoje) como comentarista do festival. A presença de Norton acaba
desperdiçada que o limita a comentários óbvios e descritivos sobre o que
acontece no palco, longe da espirituosidade e acidez que tornaram o
apresentador tão famoso.
Apesar de alguns números musicais divertidos, Festival Eurovision da Canção: A Saga de
Sigrit e Lars não tem muito a oferecer além de personagens pouco
interessantes e humor irregular.
Nota: 4/10
Trailer
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