Eu imaginei que depois da
primeira onda de personagens adicionais, Mortal Kombat 11 oferecesse uma segunda de combatentes (ou seria kombatentes?),
dado o sucesso do jogo. Fui, no entanto, surpreendido com o anúncio deste Mortal Kombat 11 Aftermath, que além de
inserir três novos personagens também trazia uma expansão do modo história com
uma campanha servindo de epílogo para a trama principal.
O novo conteúdo pode ser dividido
em dois. De um lado há uma série de adições gratuitas, como novos estágios e
novos golpes para todos os personagens, como os Friendships, finalizações
engraçadinhas para quem não quiser terminar a luta com um sangrento Fatality, e
os Stage Fatalities, finalizações que podem ser feitas em estágios específicos.
A essas novidades também vem uma série de alterações para fins de balanceamento
que devem mudar um pouco o metajogo.
Do lado pago temos a campanha Aftermath, uma adição ao modo história,
e três novos personagens em Fujin, Sheeva e Robocop. A história de Aftermath se passa depois da trama
principal, com Liu Kang tendo dificuldade em manejar a ampulheta de Kronika,
enviando Fujin, Nightwolf e Shang Tsung ao passado para recuperarem a coroa da
deusa do tempo.
A história leva cerca de três
horas, sendo contada com o esmero característico das campanhas dos jogos de
luta feitos pela Netherrealm, com boas sequências de luta, interações
divertidas entre os personagens, conflitos bem delineados e reviravoltas bem
construídas. No entanto, uma das principais reviravoltas envolvendo Sindel já
foi “spoilerizada” por qualquer um que tenha visto o final individual da
personagem nas Torres do Tempo, o que elimina uma das maiores surpresas da
trama. Como a personagem já está disponível há meses, é bem possível que a
maioria dos jogadores já saiba a verdade sobre o passado dela. Teria sido
melhor se Sindel fosse inserida nessa segunda leva de personagens ao invés do
primeiro.
Outro ponto alto da nova história
é a performance de Cary Hiroyuki Tagawa como Shang Tsung. O ator já tinha
interpretado o feiticeiro na primeira adaptação do jogo para os cinemas, Mortal Kombat (1995), e volta aqui ao
personagem desde que Tsung fora inserido na primeira leva de DLCs. Tagawa dá a
Shang Tsung um cinismo petulante que faz do feiticeiro aquele tipo de
antagonista traiçoeiro que dá gosto em odiar.
Entre os três novos personagens,
Fujin é o que chama mais atenção graças a um conjunto de mecânicas que o torna
bem diferente dos demais lutadores, como sua capacidade de caminhar no ar ou
seu ataque de tornado que pode ser usado para frente ou para trás. Sheeva
privilegia o combate a curta distância com combos que causam dano alto e que
podem ser finalizados com seus muitos ataques especiais de agarramento. A
shokan também pode encurtar a distância com seu ataque de salto, que
basicamente funciona como um teletransporte que a coloca para surgir acima dos
inimigos.
Robocop é o mais previsível dos
três em termos de jogabilidade, sendo um lutador lento, mas que privilegia
ataques a distância, embora tenha também algumas opções de contra-ataque e
ataques de investida para surpreender o adversário. O personagem, no entanto,
impressiona pela fidelidade visual e sonora, já que Peter Weller, o ator
original do robô nos cinemas, retorna para emprestar seu rosto e sua voz a ele.
Depois que o Exterminador chegou ao jogo sem a voz de Arnold Schwarzenegger
(mas com o rosto, logicamente), imaginei que Robocop também pudesse deixar de
ter a voz de seu intérprete original, mas felizmente o jogo conta com a voz de
Weller.
O ponto fraco fica no preço
salgado da expansão, que não sai por menos de 160 reais nos consoles, quase o
preço de um jogo completo (a versão base de MK 11, por exemplo, está 200 reais
nas loja virtual da Sony). Soa muito alto por três personagens e uma campanha
relativamente curta. A questão do preço se agrava com a falta de opção dada ao
consumidor, pois normalmente jogos de luta permitem que se compre os personagens
adicionais individualmente. Até mesmo o extremamente mercenário Street Fighter V permitiu que os
jogadores que não quisessem todo o conteúdo da Champion Edition comprassem
apenas os novos personagens, então não há muito motivo para que a Netherrealm
force o consumidor a gastar um valor tão alto de uma só vez sendo que ele quer
apenas parte do conteúdo. Eles poderiam, inclusive ter dado a opção de comprar
apenas a nova campanha, comprar apenas o passe para os novos personagens ou
comprar tudo junto.
Mortal Kombat 11 Aftermath tem uma competente expansão da história
e três novos personagens bem singulares, mas o alto valor e a falta de opções
em como obter esse conteúdo pode afastar alguns jogadores.
Nota: 8/10
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