quarta-feira, 22 de julho de 2020

Crítica – Encontro Fatal


Análise Crítica – Encontro Fatal

Review – Encontro FatalDesde o material de divulgação fica bem evidente que Encontro Fatal é um daqueles suspenses B feitos a toque de caixa. Um produto com todo o jeito de filme exaustivamente reprisado nas madrugadas de sábado no Supercine da Globo. Ainda assim você espera que ele ao menos seja um bom filme B e consiga oferecer boas cenas de suspense, mas nem isso ele consegue, como outros clones recentes de Atração Fatal (1987), a exemplo dos fracos Acrimônia (2018), Fica Comigo (2017) ou Paixão Obsessiva (2017).

Na trama, Ellie (Nia Long) é uma advogada que está deixando seu trabalho em uma poderosa firma para iniciar uma nova vida em uma cidade costeira e recomeçar a vida ao lado do marido, Marcus (Stephen Bishop). Em seu último trabalho na firma, entretanto, ela reencontra um antigo romance de faculdade em David (Omar Epps), eles se conectam rapidamente e David deixa claro que quer algo mais, mas Ellie decide não ir adiante. David não aceita e continua a encontrar maneiras de entrar na vida de Ellie.

O primeiro problema aparece já no início com a construção quase que ausente da crise do casamento de Ellie com Marcus. Se os personagens não falassem que há uma crise, não teríamos como saber, já que isso não é mostrado, não é sentido. Assim, o conflito inicial de Ellie ceder ou não às investidas de David não tem impacto, porque não temos a exata dimensão de que maneira o casamento dela está com problemas ao ponto de trair o marido parecer o único jeito dela sentir alguma coisa.

Logo depois que Ellie rejeita David, o filme joga na nossa cara que ele é um sujeito violento, instável e obsessivo ao mostrar a cena dele em terapia, com a psicóloga explicando o motivo dele estar ali, o que dramaturgicamente não faz sentido, por sinal. Como já sabemos de antemão todo o perigo que David representa, as interações e encontros aparentemente fortuitos que ele tem com Ellie carecem de qualquer suspense porque a intenção do personagem é óbvia para nós. Por mais que Ellie tenha dúvidas sobre o que está acontecendo, nós não temos e tudo se torna um exercício de paciência conforme esperamos que a personagem entenda algo que já sabemos.

Mesmo quando o filme tenta criar momentos de tensão envolvendo a possibilidade de um perigo iminente de agressão por parte de David, a condução é tão exagerada que soa artificial, tornando difícil embarcar no sentimento. Um exemplo é a cena em que David e Marcus jogam golfe e David caminha agressivamente na direção de Marcus com um taco na mão. O filme tenta nos fazer crer que David irá tentar alguma coisa contra Marcus, mas é óbvio que nada irá acontecer. Afinal a trama já estabeleceu que David é um sujeito engenhoso, inteligente, e seria bem estúpido matar alguém em um campo aberto, em plena luz do dia, em um campo de golfe privado no qual muitas pessoas provavelmente viram os dois juntos.

Óbvias também são as tentativas de reviravoltas, em especial no terceiro ato quando o filme nos apresenta a possibilidade de David ter morrido. É evidente que tudo é um despiste e ele irá aparecer para aterrorizar a família de Ellie. Quando ele eventualmente reaparece, não há surpresa ou tensão alguma porque já esperávamos por isso. Os conflitos também são resolvidos muito de maneira muito fácil ao ponto de não causarem impacto algum. O momento em que Ellie revela a Marcus que quase transou com David dá a impressão (pela reação de Marcus) que isso talvez seja um problema difícil de superar para o casal, no entanto não demora para que Marcus a perdoe e todos sigam adiante.

Óbvio e desprovido de tensão, Encontro Fatal não consegue funcionar nem como um filme B.

Nota: 4/10

Trailer

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