Baseada em um quadrinho escrito pro Greg Rucka (que não li),
The Old Guard é uma produção da
Netflix que acompanha um grupo de guerreiros imortais. Liderados por Andy
(Charlize Theron), eles passam os séculos combatendo injustiças e recrutando os
novos imortais que surgem ao longo do tempo.
A trama se passa nos dias atuais quando Andy e seus aliados
começam ter sonhos envolvendo uma jovem militar, Nile (Kiki Layne), o que
indica que ela pode ser uma nova imortal e eles devem encontrá-la. Ao mesmo
tempo, eles têm seu segredo descoberto por Copley (Chiwetel Ejiofor), um
ex-agente da CIA a serviço da companhia farmacêutica liderada por Merrick
(Harry Melling). Merrick quer o grupo de Andy como objeto de pesquisa,
esperando que a partir deles consiga reproduzir o que os torna imortais.
A ideia de um grupo operando nas margens da história
interferindo em segredo na humanidade é bem interessante, mas nunca é
plenamente explorada pelo filme, soando como potencial desperdiçado. Há uma
breve explicação de Copley de como as ações deles beneficiaram a humanidade e
algumas piadas que Andy ou Booker (Matthias Schoenarts) fazem com nomes
conhecidos da história, no entanto fica a impressão de que o filme explora
pouco aquilo que tem de mais singular, que seria esse “efeito borboleta”
causado pelos personagens.
Não ajuda que os antagonistas sejam tão desinteressantes. De
início Merrick parece colocar uma questão sobre ética científica que não é
exatamente simples de responder, de até que ponto poderíamos causar dano a
outro para obter algo que poderia beneficiar a todos. Conforme o filme avança
ele acaba sendo reduzido ao típico megaempresário do mal que faz qualquer coisa
por lucro. Já Copley é tão facilmente enganado por Merrick, que soa demasiado
ingênuo para um sujeito que foi ex-agente da CIA.
Se o texto leva a premissa por direções que não exploram
muito bem a própria premissa, o elenco ao menos consegue demonstrar como a
imortalidade pesa sobre aqueles personagens. Theron faz de Andy alguém já farta
com uma eternidade de batalhas e violência que parecem não trazer resultado,
sem fé em uma humanidade que na ótica dela parece sempre cometer os mesmos
erros. Matthias Schoenarts, por sua vez, convence da solidão e mágoa que Booker
carrega consigo ao longo dos séculos.
As cenas de ação são competentes em explorar como os
personagens usam a própria imortalidade em combate, se tornando guerreiros
ferozes que vão para cima dos oponentes sem medo (porque não há risco algum
para eles). Embora competentes e bem conduzidas, a maneira como elas são
construídas parece ir de encontro aos arcos de Andy e Nile. Embora as
personagens falem de lidar e serem assombradas pelas consequências da violência
que cometem, as cenas de ação tratam a violência de maneira espetacularizada
(como a maioria dos blockbusters hollywoodianos,
diga-se de passagem), com as cenas pontuadas por músicas empolgantes,
coreografias estilizadas e frases de efeito. Assim, há um descompasso entre a
violência tratada como algo traumático e repulsivo nos diálogos das personagens
e a violência estilizada das cenas de ação.
Mesmo não aproveitando plenamente as possibilidades do
universo que cria, The Old Guard vale
a pena pelo desenvolvimento dos personagens principais.
Nota: 6/10
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