segunda-feira, 13 de julho de 2020

Crítica – Warrior Nun: 1ª Temporada


Análise Crítica – Warrior Nun: 1ª Temporada

Review – Warrior Nun: 1ª TemporadaO título Warrior Nun faz uma promessa muito clara ao seu espectador: freiras guerreiras armadas até os dentes enfiando a porrada em demônios do inferno. É tudo que eu esperava da série, uma adaptação do quadrinho de mesmo nome de Bem Dunn (que não li), e em geral ela cumpre o que promete, ainda que tenha alguns problemas.

A narrativa é protagonizada por Ava (Alba Baptista), uma órfã tetraplégica recém-falecida que acidentalmente tem implantado no seu corpo o artefato místico conhecido como Halo. Uma aureola de anjo passada por gerações por uma ordem secreta da Igreja Católica que treina freiras para combaterem demônios que tentam invadir o nosso mundo. Ressuscitada pelo poder do Halo, Ava agora precisa se tornar a nova Irmã Guerreira.

O percurso de Ava é uma típica jornada de herói, mas o texto ao menos consegue dar a ela alguma personalidade e motivações compreensíveis. A atriz portuguesa Alba Baptista convence do deslumbramento inicial da personagem em conseguir voltar a se mover e seu desejo de ter uma vida normal, dando a Ava energia e senso de humor que nos faz conectar com a protagonista. A série abraça a natureza pulp de sua premissa e nunca cai na besteira de se levar mais a sério do que deveria.

Na verdade, o elenco é uma das maiores virtudes da série, já que as integrantes da equipe de freiras guerreiras que auxilia Ava tem seus momentos sob os holofotes, com motivações e personalidades razoavelmente bem construídas. Entendemos, por exemplo, a obstinação de Shotgun Mary (Toya Turner) em descobrir quem matou a antecessora de Ava ou a frustração de Lilith (Lorena Andrea) em ter seu destino roubado de si, já que ela estava destinada a receber o Halo. Essas personagens convencem também do laço de amizade e confiança que aos poucos vai se formando entre elas e Ava. Assim, quando todas se unem para lutar juntas no clímax do último episódio, soa como um momento merecido, construído ao longo da temporada.

Até mesmo a cientista Jillian Salvius (Thekla Reuten) que inicialmente aparece como antagonista, tem uma explicação compreensível para ser quem é. A série é inteligente, inclusive, em não fazer dela uma vilã, já que seria irresponsável e obscurantista colocar a ciência como inimiga e a Igreja como heroica em pleno 2020. Ao invés disso, a série explora a corrupção dentro da própria Igreja e como a fé tem sido usada há séculos como instrumento de poder e controle.

A narrativa, no entanto, se arrasta e parece caminhar em círculos durante a metade da temporada, mais ou menos do quarto ao sétimo episódio, no qual não acontece muito além de Ava vagando, tentando fugir de seu destino enquanto Mary e Lilith estão atrás dela. Sim, esses episódios dão algum desenvolvimento para personagens coadjuvantes, mas, ao mesmo tempo, fica a impressão de que a trama principal não vai a lugar algum. Os últimos episódios até trazem uma boa dose de reviravoltas que surpreendem, mas o final peca pelo desfecho súbito, que ao invés de funcionar como gancho soa frustrantemente como algo incompleto, como se o arco da temporada não tivesse sido satisfatoriamente fechado e tivesse sido abruptamente cortado e jogado para uma segunda temporada.

As cenas de ação são bem coreografadas e tendem a usar poucos cortes, ressaltando a continuidade e fluidez dos golpes, mostrando o quanto essas guerreiras podem ser letais, usando criativamente suas armas e habilidades. Os efeitos especiais, em especial a computação gráfica que cria as criaturas demoníacas, soa datada e artificial na maioria dos casos, parecendo algo de mais de uma década atrás, o que faz os demônios soarem menos ameaçadores do que deveriam.

A primeira temporada de Warrior Nun acerta na ação e no carisma de suas protagonistas, mas peca em um ritmo que resiste a levar a trama para frente e um desfecho súbito que mais frustra do que cria ansiedade para a próxima temporada.

Nota: 6/10

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