A trama é centrada em Luiza (Nana Gouvea), uma psicóloga chamada pelo governo dos Estados Unidos para tentar entender uma série de mortes misteriosas que vem acontecendo em partes diferentes do país. Seus colegas parecem não entender o que está acontecendo, mas ela demonstra certeza que as respostas estão nas estranhas anotações encontradas com um mendigo que estava envolvido com uma das primeiras vítimas.
A história é toda contada com uma estrutura de found footage, como se fosse vídeos de segurança da instalação governamental em que Luiza trabalha ou vídeos amadores feitos pelas pessoas na rua que encontraram os infectados. O problema é que o filme conduz toda essa trama da maneira mais entediante possível. Praticamente não há dramaturgia, tudo é narrado ao invés de mostrado para nós, já que boa parte das cenas do filme são vídeos gravados por Luiza para explicar as provas que coletou.
Nessas cenas, Nana Gouvea fala direto para a câmera, como que estivesse gravando numa webcam, explicando o que está acontecendo. Como o filme é quase que inteiramente composto de diálogos expositivos, tudo se torna rapidamente moroso e arrastado, pois não vemos muito além dos personagens parados dando explicações para uma catástrofe que não vemos, não temos uma noção palpável de sua dimensão e com isso fica difícil nos importar com qualquer coisa.
Não ajuda que a protagonista narre tudo em um tom monocórdio que não se altera mesmo quando a situação se agrava ou ela demonstra já estar infectada. Considerando que a estrutura do filme já é em si monótono, a maneira que a atriz principal diz suas falas sem qualquer tipo de inflexão emocional dá a impressão de que ela está apenas lendo o roteiro em voz alta.
Aqui e ali o filme insere imagens de pessoas encontrando infectados ou sendo mortos por eles, mas é tudo tão breve e encenado com a típica câmera chacoalhante de filmes found footage que nunca há qualquer construção de medo, temor ou tensão. As criaturas digitais que ocasionalmente aparecem causam mais risos do que terror dada a precariedade dos efeitos digitais.
A trama também não faz muito sentido e na maior parte do tempo parece que estamos vendo uma colagem aleatória de cenas ao invés de uma sequência de eventos movidas por uma cadeia de relações de causa e efeito. Em muitos momentos o filme nos dá informações contraditórias. Vemos, por exemplo, Luiza sentada em bancos de praça ou lanchonetes lendo os escritos do mendigo (como ela pode simplesmente ter pego documentos confidenciais e senta em espaços abertos para lê-los?), mas minutos depois a pesquisadora diz que está trancada na instalação governamental desde que tudo começou.
Em outros momentos simplesmente não há lógica nos eventos. Como Michaels (Tom Sizemore), um simples detetive de polícia municipal, conseguiu simplesmente entrar na instalação governamental secreta na qual Luiza sendo que ela mesma diz minutos antes que o lugar estava em lockdown total? Em certas cenas nunca fica claro quem é que está exatamente filmando ou a fonte das imagens.
As tentativas de criar reviravoltas surpreendentes também não funcionam, primeiro porque não há a devida preparação para elas, não há nenhum esforço de construção de personagem ao ponto em que nos importemos com aquelas pessoas para que revelações sobre eles tenham algum impacto sobre nós e também por serem tão exageradas para forçar esse momento de “grande surpresa” que soam mais risíveis do que qualquer outra coisa.
Acordar Negro
tinha potencial para ao menos ser um trash
divertido, mas nem isso consegue direito, sendo uma trama arrastada, sem
ritmo ou sentido, contada quase que inteiramente por diálogos expositivos.
Nota: 1/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário