James (Jessie T. Usher) sonha em vencer como ator em Hollywood e enquanto seu sonho não chega trabalha como motorista de aplicativo. Um dia Jessica (Bella Thorne) entra em seu carro e eles tem uma boa conversa, mas James reluta em chamá-la para sair. Na mesma noite James pega o estranho Bruno (Will Brill), que o encoraja a ir atrás de Jessica.
Inicialmente o filme funciona bem como uma história de pessoas errantes se encontrando por conta dos caprichos de algoritmos digitais. Os momentos em que os personagens dialogam sobre suas vidas, seus anseios e problemas trazem emoções bastante genuínas, com Usher, Thorne e Brill entregues a seus personagens e nos fazendo acreditar em cada um deles.
Um dos momentos mais eficientes é quando James resolve mostrar seu talento como ator e recita um monólogo de Shakespeare enquanto marquises de cinemas ou a fachada do prédio do SAG (o sindicato dos atores dos EUA) são refletidos nos vidros do carro. O contraste de James preso em seu carro dando tudo de si em uma atuação enquanto é atacado por imagens de locais nos quais quer estar e não consegue traduz de maneira inteligente o quanto ele está longe de alcançar seu sonho.
Porém quando entra totalmente no reino do suspense e transforma Bruno plenamente em vilão, a trama se torna colossalmente menos interessante. Primeiro porque apesar das pretensões de falar sobre os problemas de uma sociedade sempre conectada, não tem muito a dizer além do clichê de que interagir com completos desconhecidos pode ser perigoso. Segundo porque o texto dá guinadas cada vez mais absurdas e as ações dos personagens vão se tornando exponencialmente mais estúpidas.
Não faz sentido, por exemplo, que Jessica não tente avisar o balconista da farmácia que está sendo feita refém passando um bilhete ou fazendo algum sinal. O fato da personagem ver na televisão da farmácia, justamente no momento em que entra no local, uma notícia que ajudaria a entender o que está acontecendo, soa como algo excessivamente conveniente.
Do mesmo modo, o desfecho com Jessica e James simplesmente indo embora e largando Bruno sozinho para continuar sua noite predatória não faz o menor sentido. Claro, é compreensível que Jesse não queira matá-lo, mas porque não recuperar o celular, que estava na jaqueta de Bruno, e chamar a polícia para garantir que ele não faça mal a mais ninguém? Ele poderia manter Bruno sob a mira da arma e pedir a Jessica para bater nas casas próximas e chamar as autoridades ou qualquer coisa similar.
Há um claro empenho do elenco de Desvio de Rota em fazer o filme funcionar, infelizmente esses
esforços são sabotados por um roteiro raso que não faz muito além de repetir
clichês batidos sobre tecnologia e comodismo. O início demonstra potencial, mas
a guinada para o suspense o transforma em uma cópia ruim de Colateral (2004).
Nota: 4/10
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