Crítica - Amor Garantido

Com o sucesso da comédia romântica adolescente Ela é Demais (1999), Rachael Leigh Cook se tornou uma das queridinhas do gênero no final da década de noventa. Com o tempo, no entanto, ela foi se afastando do estrelato, fazendo filmes de menos visibilidade. Quando vi que ela estaria neste Amor Garantido, comédia romântica produzida pela Netflix, imaginei que esse seria o retorno dela em grande estilo ao gênero que a consagrou. Infelizmente, porém, isso não acontece e o resultado é um produto morno que nunca diz a que veio.

Na trama, Susan (Rachael Leigh Cook) é uma advogada que tem um pequeno escritório na cidade de Seattle. Um dia ela é procurada por Nick (Damon Wayans Jr) que quer processar um site de encontros que garantiria aos seus usuários encontrar o amor verdadeiro em até mil encontros. Nick já está muito próximo dessa marca, mas até então não encontrou o amor.

A trama em si soa um pouco absurda e difícil de crer pelo fato de Nick ter saído com quase mil mulheres em um intervalo de quase dois anos e dele ter documentado extensivamente cada um desses encontros. Ainda assim, poderia render uma boa discussão sobre como, nesses tempos de interação em meios digitais, amor e afeto estão sendo reduzidos a um mero produto a ser comprado e vendido com o toque de um botão. O filme, no entanto, nunca constrói muito em cima desses temas e o desfecho acaba sendo incomodamente conformista e contraditório, ao mesmo tempo dizendo que não há garantias no amor, mas com os personagens se tornando garotos-propaganda do site de relacionamentos que processaram.

É também uma narrativa extremamente previsível, sendo óbvio desde o início que Susan e Nick vão se apaixonar, recorrendo à típica dinâmica do casal que aparentemente se detesta só para descobrirem que se amam. Os conflitos que surgem são igualmente fáceis de antever, como a decisão de Susan em se afastar de Nick para não arriscar a derrota no processo (afinal, se eles assumirem uma relação, significa que Nick encontrou o amor e não há mais base para o processo), sendo que não há sentido para que a advogada não diga a Nick o motivo pelo qual está se afastando.

Muitas situações cômicas, como a cena em que Nick e Susan ficam encarregados de cuidar de uma criança hiperativa, acabam não rendendo os risos esperados. O que é uma pena, já que tanto Wayans quanto Cook são extremamente carismáticos e envolventes, convencendo da química do casal, mas o texto não dá a eles nada de interessante ou particularmente divertido para fazer.

A atriz Heather Graham, por sua vez, acaba desperdiçada como a dona do site de encontros. Inicialmente apresentada como uma espécie de coach de relacionamento com uma postura zen extremamente fajuta que fala através de platitudes vazias que soam tiradas inteiramente de pôsteres motivacionais, Graham dá a impressão de que sua personagem poderá ser uma boa antagonista para o casal principal. É o tipo de figura com potencial para ser aquela vilã que dá gosto de detestar, no entanto, ela aparece tão pouco que acaba não tendo espaço para causar muito impacto.

Desta maneira, apesar de casal principal envolvente, Amor Garantido dilui seu impacto em um texto que não tem muito a dizer sobre os temas que levanta nem cria situações divertidas para seus personagens.

 

Nota: 5/10

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