Após perder tudo no final da temporada anterior e ainda por cima ser baleada por Villanelle (Jodie Comer), Eve (Sandra Oh) passa a ter uma vida discreta, evitando chamar atenção para si mesma, mas não esqueceu sua obsessão com a assassina russa e continua a investigá-la, bem como a misteriosa organização por trás dela conhecida como Os Doze. No MI6 Carolyn (Fiona Shaw) também lida com as consequências da operação fracassada no final do segundo ano, tendo sido rebaixada e seus atos constantemente analisados, ela continua investigando Os Doze por conta própria. Os caminhos de Eve e Carolyn voltam a se cruzar quando o filho de Carolyn comete suicídio sob circunstâncias suspeitas, com as duas tentando descobrir o que realmente aconteceu. Já Villanelle volta a trabalhar com uma antiga mentora e tenta subir na hierarquia dos Doze.
Em geral, a temporada foca bastante nas vidas pessoais das personagens e em entender como esse estilo de vida afeta a relação deles com seus familiares. Vemos como a dedicação de Carolyn com seu trabalho gera uma relação fria e distante com a filha, Geraldine (Gemma Wheelan), ou as tensões de Konstantin (Kim Bodnia) com a filha adolescente que não entende completamente o perigo constante sob o qual o pai vive e resolve criar problemas para chamar atenção dele.
Até mesmo Villanelle tenta se reaproximar da família que acreditava estar morta. Cansada de ser reduzida a uma arma viva pelos Doze, Villanelle procura os parentes que vivem em uma pequena cidade no interior da Rússia e o resultado é um dos melhores episódios da temporada. Ver alguém tão desprovida de empatia e humanidade como Villanelle tentando parecer normal e interagir com pessoas comuns sempre rende momentos divertidos.
Por um lado é possível perceber o esforço da assassina em tentar se integrar àquelas pessoas e o modo de vida delas, chegando até a se conectar emocionalmente por alguns deles. Por outro as reações de Villanelle a certas ações da família, como quando todos repentinamente começam a cantar uma canção de Elton John, são como se a assassina estivesse observando animais em um zoológico. O episódio também permite entender um pouco sobre como a personagem se tornou o que conhecemos, mostrando como ela é rejeitada pela mãe e o fato de nunca sabermos quem das duas (se Villanelle ou a mãe) fala a verdade sobre o passado ajuda a manter uma aura de enigma sobre a assassina mesmo quando a compreendemos melhor.
A obsessão de Eve por Villanelle e vice-versa é, logicamente, outro ponto focal da narrativa, principalmente a partir da segunda metade da temporada e confesso que fiquei surpreso com Eve reconhecendo que Villanelle desperta o lado sombrio dela. O desfecho, inclusive, traz o que parece ser um momento de maturidade para a assassina, com Villanelle tomando a decisão deliberada de que ela e Eve precisam se manter distantes. Claro que isso provavelmente não vai durar e certamente alguma crise ou problema acabará colocando as duas no caminho uma da outra em uma eventual quarta temporada, mas mostra que Villanelle realmente está disposta a se afastar desse universo de espionagem e assassinato.
Assim, a terceira temporada de Killing Eve consegue manter o alto nível da série, aprofundando
seus personagens e as relações entre eles.
Nota: 8/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário