Bo (Jacob Latimore) é um jovem mágico de rua que tenta aperfeiçoar um novo truque envolvendo ímãs para dar a impressão de telecinese. Ele mora sozinho com a irmã, Tina (Storm Reid) depois da morte dos pais e para se sustentar, acaba trabalhando para o traficante Angelo (Dulé Hill). Aos poucos, Bo vai sendo arrastado por Angelo para o lado mais violento do trabalho e começa a pensar em alternativas para se sustentar. O jovem mágico também conhece Holly (Seychelle Gabriel), por quem se apaixona e inicia um relacionamento.
As primeiras cenas demonstram o talento do protagonista com mágica e também criam uma aura de mistério acerca do estranho dispositivo de que Bo tem em seu braço e o que ele pretende com aquilo. Aos poucos a trama vai nos dando informações sobre o que é aquilo e o que ele pretende com um experimento tão arriscado. Quando finalmente o vemos colocar a estranha engenhoca em ação no clímax, tudo é bastante empolgante, já que o acompanhamos em tentar fazer aquilo funcionar ao longo de todo filme.
Outro mérito do filme é o relacionamento de Bo com a irmã, que traz um afeto bem sincero e convence do porquê o mágico arriscaria se envolver com crime só para manter um teto sobre a cabeça da garota. Latimore é um protagonista carismático, que evoca o magnetismo pessoal necessário para um mágico prender a atenção de seu público. Tudo bem que toda a conversa dele sobre mágica depender de entrega e dedicação ao truque não diz nada sobre o tema que já não tenhamos visto em filmes como O Grande Truque (2006) ou O Ilusionista (2006), já que a narrativa é menos sobre mágica e mais sobre a jornada pessoal de Bo, com esses diálogos servindo para construir a motivação dele em relação ao estranho dispositivo em seu braço.
Por outro lado, a construção do conflito principal entre Bo e Angelo não é devidamente construída e acaba soando como algo forçado e não merecido. É estabelecido que Bo é um jovem astuto e inteligente. É estabelecido também que Bo sabe o quanto Angelo pode ser perigoso ou violento, então fazer Bo tentar tapear Angelo de maneira tão idiota não parece algo que o mágico faria. A escolha do protagonista só faria sentido se surgisse alguma demanda urgente que necessitasse de uma considerável soma de dinheiro e Bo não tivesse outra escolha além de diluir as drogas de Angelo.
Outro problema é que Holly fica restrita a ser o interesse romântico. A personagem não tem qualquer arco ou motivação próprias, existindo apenas para gravitar em torno de Bo e ajudá-lo cegamente. É inclusive estranho que ela aceite de maneira tão tranquila o fato de Bo ser basicamente um traficante, ter mentido para ela a respeito e estar sob ameaça de um criminoso perigoso. Em nenhum momento Holly hesita, duvida ou questiona Bo, ela apenas o segue cegamente.
A construção do mistério sobre o truque do personagem e o
carisma de Jacob Latimore são suficientes para manter o interesse em Sleight, apesar de
alguns problemas na condução da trama.
Nota: 6/10
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