A narrativa é protagonizada por Ethan, um guerreiro ressuscitado em uma jornada para recuperar o próprio coração, roubado pelo dragão que matou sua família. O primeiro episódio mostra brevemente a vida de Ethan e da esposa, Olivia, antes da destruição causada pelo dragão. Há a tentativa de que isso é feito para dar mais peso às perdas do protagonista, mas como é muito rápido (e o mesmo ocorre com os flashbacks envolvendo Olivia), não consegue ir além de uma trama de vingança bem típica. Em sua jornada, Ethan conta com a ajuda de Hannah, uma Peoa. No mundo de Dragon’s Dogma Peões são seres que existem para auxiliar Ressurgidos como Ethan em suas missões.
O universo criado pela animação é um mundo de fantasia bem sombrio, sem linhas claras entre bem e mal, no qual até mesmo escolhas que parecem indubitavelmente benignas tem consequências horríveis. Isso fica evidente já no segundo episódio, quando Ethan ajuda uma pequena vila a derrubar o nobre que os oprimia. Ao invés de paz, no entanto, as ações de Ethan promovem ainda mais conflito conforme os habitantes começam a lutar entre si pelos espólios do nobre caído.
Os sete episódios da temporada giram em torno dos sete pecados capitais, com cada episódio sendo nomeado por um pecado. A ideia de amarrar tudo em torno de um tema é boa no papel, mas na prática torna tudo previsível mais do que deveria. Basta ver o título de cada episódio para ser capaz de prever como as coisas vão se desenrolar. Do mesmo modo, a estrutura de cada um é bem similar, com Ethan e Hannah chegando a uma nova localidade sob ameaça de alguma criatura poderosa, a dupla decidindo tomar partido no conflito culminando em uma grandiosa batalha contra algum poderoso monstro e a vitória sendo maculada por consequências sombrias das ações de outros personagens.
A trama até insere alguns coadjuvantes interessantes, como a dupla de guerreiros que Ethan e Hannah encontram no caminho, mas a maioria desses personagens acaba sendo despachado muito rápido, sem dar tempo de desenvolvê-los o bastante para que suas mortes tenham impacto. Desta maneira os coadjuvantes acabam sendo mais dispositivos de roteiro para que percebamos o perigo das situações do que sujeitos plenamente realizados.
Felizmente a relação entre Ethan e Hannah é bem trabalhada o suficiente para que nos importemos com a dupla. Hannah, por exemplo, vai se tornando mais humana conforme interage com Ethan e outras pessoas. O desenvolvimento emocional de Hannah, por sua vez, vai aos poucos permitindo que Ethan se abra mais e lide com os próprios sentimentos.
A ação é outro ponto alto da série, com batalhas sangrentas contra criaturas poderosas que deixam claro os perigos que espreitam a cada parte daquele universo. Os combates também evidenciam o poder de Ethan e Hannah, demonstrando como eles estão muito além de guerreiros comuns e apenas indivíduos com habilidades tão especiais conseguiriam superar os horrores que espreitam os cantos sombrios daquele mundo.
Apesar de uma estrutura que torna a narrativa um pouco mais
previsível do que deveria, Dragon’s Dogma
acerta na ação e no desenvolvimento da dupla de protagonistas.
Nota: 7/10
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