terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Crítica – Ava

Análise Crítica – Ava

Review – Ava
Uma assassina de aluguel tem uma crise de consciência e começa a questionar a vida de violência que leva, por causa disso é considerada inapta para o serviço e seus superiores tentam eliminá-la. É uma premissa pra lá de batida, mas considerando o elenco formado por nomes como Jessica Chastain, John Malkovich, Geena Davis e outros, poderia até render um exame envolvente do que move uma pessoa que leva essa vida. Os primeiros minutos também dão a impressão de que este Ava vai conseguir ir além dos clichês narrativos ao inserir também elementos de drama familiar ao explorar a relação complicada que a protagonista tem com a mãe e as irmãs. O problema é que o filme acaba apenas passando superficialmente por todas essas ideias.

Na trama, Ava (Jessica Chastain) é uma ex-militar que virou assassina de aluguel. Seu contato é Duke (John Malkovich), antigo mentor de Ava no exército e que nutre um afeto paternal por ela. Quando Ava começa a questionar a natureza do trabalho, Duke tenta convencer o líder da organização, Simon (Colin Ferrel), de que Ava não é um risco para as operações, mas Simon acha melhor descartá-la. Ao mesmo tempo, Ava tenta se reaproximar da família depois que a mãe, Bobbi (Geena Davis), tem um infarto.

Nesse sentido há uma tentativa de ser simultaneamente um filme de ação e espionagem, um estudo de personagem que tenta entender o que move essa assassina profissional e um drama sobre uma família disfuncional. Ao se dividir entre essas três frentes, no entanto, nada é bem desenvolvido ao ponto de envolver. O passado de Ava e a complicada relação entre ela e a família é transmitido através de longos diálogos expositivos, mas muito pouco dessa dinâmica é efetivamente mostrada, sentida. Não fosse a química que Chastain tem com Geena Davis e com Jesse Weixler (que faz a irmã de Ava) toda essa dinâmica familiar seria completamente inócua.

Do mesmo modo, há um afeto sincero entre Ava e Duke, que nos faz realmente crer na dinâmica de pai e filha que existe entre os dois, no entanto, tudo que envolve a misteriosa organização para a qual eles trabalham é tão vago que é difícil se importar com alguma coisa. A indagação principal de Ava a respeito das mortes de seus alvos serem merecidas ou não e qual seria o propósito daqueles assassinatos, por exemplo, nunca é respondida. Não temos qualquer contexto exceto pelo fato de que Simon quer matá-la e assim as suspeitas iniciais de Ava quanto à organização acabam soando mais como uma necessidade do roteiro para iniciar o conflito do que como um elemento orgânico do desenvolvimento da personagem.

O desenvolvimento superficial e meramente expositivo das complicadas relações de Ava com a família também nunca envolve como deveria e, com isso, a despedida final da protagonista acaba carecendo de impacto, já que o roteiro nunca fez nos importarmos o suficiente com aquelas pessoas para que o drama da situação nos envolva. As cenas de ação são conduzidas de maneira competente e mostram como Ava é letal e ágil, mas não trazem nada que já não tenhamos visto antes ou que realmente consiga empolgar.

A despeito da qualidade do elenco, Ava é um filme bem morno que não envolve nem empolga como deveria, perdido em um roteiro que não sabe o que quer ser e cenas de ação pouco marcantes.

 

Nota: 5/10


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