A trama se passa 100 anos antes de Breath of the Wild e conta a história do ataque de Calamity Ganon que levou à queda de Hyrule, a morte dos quatro pilotos das feras divinas e a Link ser colocado em estase durante um século. Ajuda não só a dar mais contexto a Breath of the Wild como também amplia nosso entendimento sobre esse universo ao ver como a Hyrule do jogo era antes da devastação de Ganon. A narrativa também nos mostra versões muito mais jovens dos personagens de BoW, como Impa, que lá era já uma senhorinha idosa e aqui, em sua juventude, é uma ágil guerreira, lutando com espadas, selos mágicos e símbolos místicos.
Há um elemento de viagem no tempo aqui, no entanto, que pode desagradar os fãs mais puristas de BoW. Outro problema é que a trama é, em muitos momentos, excessivamente expositiva, focando mais em explicar como as coisas aconteceram do que desenvolver os personagens e as relações entre eles. Uma pena, já que os campeões Daruk, Mipha, Revali e Urbosa são tão carismáticos. A única que recebe um pouco mais de desenvolvimento é Zelda, com a trama focando no senso de inadequação da princesa conforme ela parece não conseguir despertar o poder profetizado para ela.
Como no primeiro Hyrule Warriors e nos jogos da franquia Dynasty Warriors em geral o game é primordialmente focado em combate. Do mapa de Hyrule (igual ao de BoW) o jogador seleciona missões que envolvem o esforço de guerra de conter o avanço das forças sombrias de Calamity Ganon. As lutas envolvem despachar centenas de inimigos a cada batalha, capturando bases, pontos de controle e eventualmente enfrentando subchefes e chefes. Assim como no game anterior, o combate é ótimo em nos fazer sentir que Link, Zelda e outros são guerreiros poderosos, capazes de despachar dezenas de inimigos com um único golpe.
Além de precisar conhecer os combos e habilidades de cada personagem, bem como as fraquezas de inimigos específicos, os combates também tem um componente estratégico de saber gerenciar o tempo e espaço dos campos de batalha. Em muitos momentos há pouco tempo para cumprir objetivos espalhados pelo mapa e saber trocar rapidamente entre diferentes guerreiros para cobrir mais espaço é essencial. O jogo permite que você dê ordens aos personagens que não está controlando diretamente, comandando-os para ir até algum local específico ou para atacar um determinado líder inimigo, o que ajuda no gerenciamento dos diferentes objetivos.
Se no primeiro jogo todos os combatentes tinham acesso aos mesmos equipamentos como bombas, arco e gancho, aqui eles tem acesso a runas como Magnesis, Stasis ou Crionis. Para diferenciar ainda mais o estilo de cada personagem, o uso da maioria dessas runas é diferente para cada combatente, somando a isso o fato de que cada um tem uma habilidade única, além da variação de armas e estilos de combate, o que o jogo nos dá são personagens que de fato parecem diferentes uns dos outros quando jogamos com eles. O principal problema do combate é a câmera, muitas vezes se posicionando próxima demais do personagem do jogador prejudicando a visão ou simplesmente se movimentando para ângulos estranhos que prejudicam o entendimento do que está acontecendo.
Assim como em Hyrule Warriors atacar os chefes e subchefes em pontos vulneráveis ajuda a baixar a barra de atordoamento deles, deixando-os abertos a ataques devastadores. A isso soma-se uma mecânica vinda diretamente de BoW na qual esquivar na hora certa desacelera o tempo e permite ao jogador desferir uma onda de ataques rápidos contra os inimigos.
Outras mecânicas de BoW também estão presentes, como a culinária. Aqui, no entanto, é preciso aprender uma receita antes de poder cozinhar algo específico e os alimentos são feitos antes de iniciar cada missão, com cada prato oferecendo uma bonificação diferente como aumento de ataque, de defesa ou um percentual maior de experiência. A caça por Korok Seeds também está presente, incentivando a exploração do mapa de cada missão, com as sementes servindo para aumentar os espaços de inventário e outras coisas. O uso das runas para exploração e descobrir segredo se faz presente durante as missões, com Magnesis, por exemplo, sendo usado para desenterrar baús. As bestas divinas de BoW aparecem aqui e desta vez o jogador pode efetivamente pilotá-las em algumas missões, o que ajuda a dar um pouco de variedade ao gameplay.
Vencer cada missão dá ao jogador diferentes itens e equipamentos. As armas (que não quebram, ao contrário de BoW) podem ser combinadas para ficarem mais poderosas e ganharem mais habilidades. Já os itens, além de serem usados na culinária, também são úteis para atender pedidos de diferentes cidadãos que aparecem no mapa. Cumprir essas tarefas normalmente recompensa com mais recursos ou melhorias (como aumento de vida ou barra de especial) para os personagens.
Em algumas etapas posteriores do jogo os recursos pedidos nessas missões paralelas são um pouco altos e acabam requerendo um tempo de grinding de materiais o que pode tornar um pouco mais lento o fluxo de progressão na história. Claro, é possível ignorar todos esses pedidos e focar nas missões principais, mas isso pode implicar em ter guerreiros subotimizados para lidar com os perigos que virão.
Apesar disso, Hyrule
Warriors: Age of Calamity vale pelo ótimo combate, mesclando a ação do Musou
com as mecânicas de Breath of the Wild,
e pela narrativa que preenche as lacunas de como Calamity Ganon devastou
Hyrule. É mais um ótimo exclusivo do Nintendo Switch.
Nota: 8/10
Trailer
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