A trama gira em torno das irmãs Marricat (Taissa Farmiga) e Constance (Alexandra Daddario) que vivem isoladas em uma grande mansão depois que o pai delas morreu de maneira extremamente suspeita e as pessoas da cidade acham que elas foram responsáveis por isso. Elas tem uma existência reclusa, com apenas Marricat saindo uma vez por semana para fazer compras, somente com a companhia do estranho tio Julian (Crispin Glover). O cotidiano das irmãs muda com a chegada do primo Charles (Sebastian Stan), que diz estar interessado em cuidar das irmãs, mas na verdade deseja colocar as mãos na fortuna da família.
O início do filme tenta construir uma aura de mistério ao redor do passado da família, mas isso acaba importando menos do que como as duas irmãs se relacionam, em especial o protecionismo excessivo de Marricat, que vê a chegada de Charles (ou de qualquer pessoa) como um empecilho na relação dela com a irmã. Cheia de superstições e paranoica a respeito de como os habitantes da cidade ao redor tratam ela e a irmã, Marricat constantemente tenta afastar Constance de qualquer pessoa que tente se aproximar dela e manter a família protegida com rituais e “feitiços” que não passam de pura superstição.
Seria fácil reduzir a personagem a uma mera sociopata, no entanto o texto e o trabalho de Taissa Farmiga tem nuance suficiente para que compreendamos que a conduta de Marricat é algo fruto de um trauma e a conexão excessiva que ela tem com a irmã é o jeito dela em lidar com esses traumas e se sentir segura. A trama também é eficiente em nos deixar imersos no clima de paranoia experimentado por Marricat, que sempre acha que tem alguém a espreita para lhe fazer mal, mesmo quando não vemos exatamente motivos para tal.
O resto do elenco é igualmente capaz de criar personagens excêntricos, que ressaltam a vivência alienada do mundo que aquelas pessoas tiveram. A Constance de Alexandra Daddario é alguém tão superprotegida que se comporta com uma mentalidade de adolescente. Crispin Glover (o eterno George McFly) traz sua habitual esquisitice como Julian, enquanto que Sebastian Stan equilibra a canalhice e o carisma de seu personagem para tornar compreensível como Julian e Constance são facilmente manipulados por ele.
A trama se arrasta em alguns pontos, principalmente no final. Depois que um incêndio acontece e todos os temores de Marricat sobre os habitantes da cidade se confirmam, parece que o filme está prestes a encerrar. A narrativa, no entanto, se alonga um pouco mais em cenas que soam redundantes, apenas reforçando o que o segmento do incêndio já tinha sedimentado nas protagonistas: que ninguém presta e o melhor que elas fazem é se isolar do mundo, confiando apenas uma na outra.
Apesar de alguns problemas de ritmo e de nem sempre definir
com clareza seu foco principal, Os
Segredos do Castelo acerta na construção da estranha relação entre as duas
protagonistas.
Nota: 6/10
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