A trama se passa durante as festas de fim de ano. Peter sai de Nova Iorque em uma viagem de trabalho com Mary Jane e deixa a cidade a cargo de Miles Morales, que começou a treinar com Peter para desenvolver seus poderes. Sozinho e sem o auxílio de Peter, Miles precisa lidar com a ameaça da corporação Roxxon, cujo novo reator de energia parece mais perigoso do que parece, e do vilão Tinkerer, que parece ter contas a acertar com a Roxxon. Além disso, Miles precisa lidar com a campanha de sua mãe, Rio, que concorre a vereadora, a reaproximação com o tio Aaron e o retorno de uma antiga amiga de infância, Phin.
Assim como no primeiro game, a narrativa acerta no ritmo dos problemas constantes na vida do Aranha, como se Miles sempre estivesse por um fio de perder o equilíbrio de sua vida pessoal e de herói. A dinâmica complexa das relações entre os personagens principais, especialmente entre Miles e o tio ou Miles e Phin ajuda a nos deixar emocionalmente investidos na trama. O texto é especialmente eficiente no modo como trata Tinkerer (um personagem de quinto escalão nos quadrinhos), cuja real identidade acaba sendo um pouco óbvia, mas dá ao personagem motivações suficientemente convincentes para que pensemos se é de fato um vilão.
No geral o game é mais curto do que o primeiro jogo do Homem-Aranha, funcionando mais como um spin-off do que uma continuação, algo similar a Uncharted: Lost Legacy. Isso, no entanto, não chega a ser um problema. Com um escopo menor, o jogo é mais focado na trama principal e algumas missões secundárias que ajudam a desenvolver a relação de Miles com a comunidade ao seu redor. Ainda há crimes para impedir, itens a coletar e algumas outras atividades no mapa, mas é menos inchado e com menos sensação de filler do que no jogo original. Isso porque muitas das missões secundárias trazem narrativas mais significativas, que ampliam nossa conexão com Miles e o bairro em que ele vive.
O combate e o movimento continua ágil e fluido como no primeiro game, com as lutas seguindo as mesmas mecânicas base. As mudanças são as duas habilidades singulares de Miles envolvendo seus ataques bioelétricos e sua invisibilidade. A possibilidade de ficar invisível ajuda bastante nos segmentos de furtividade, permitindo fugir mais fácil caso seja avistado, já a eletricidade é usada tanto em combate, quando em alguns quebra-cabeças ao longo do jogo. Miles também tem alguns dispositivos próprios, diferentes dos equipamentos usados por Peter no primeiro jogo, como uma mina remota, um projetor holográfico e um dispositivo gravitacional.
Apesar de visualmente diferentes, muitos deles desempenham funções bem similares a equipamentos que usamos no primeiro jogo e a adição das habilidades de Miles não chega a transformar radicalmente os combates. Claro, ainda são mecânicas que continuam funcionando muito bem, mantendo o combate divertido, com a variedade de inimigos contribuindo para que os encontros permaneçam desafiadores, ainda assim fica a impressão de que faltou ousadia para tentar implementar elementos que dessem um novo frescor às lutas.
Spider-Man: Miles
Morales aproveita todos os bons elementos do game original para trazer uma
experiência elevada pela narrativa envolvente e mais concisa, evitando um pouco
do inchaço do primeiro jogo, ainda que não traga nenhuma novidade em termos de
gameplay.
Nota: 8/10
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