A trama gira em torno de Candy (Drew Barrymore), uma atriz de comédia cuja carreira está afundando graças ao seu vício em drogas e seu péssimo temperamento. Paula (também Barrymore) é a substituta de Candy, ficando no set para que a equipe de filmagem ajuste luz, enquadramento ou façam as tomadas em que Candy não precisa falar ou mostrar o rosto. Com a decadência de Candy, Paula teme ficar sem trabalho e resolve ajudar Candy a reerguer a carreira se passando por ela.
Auxiliada por uma maquiagem que torna Paula levemente diferente da aparência normal de Barrymore, ainda que próxima o bastante para parecer com ela (cheguei a ficar em dúvida se ela era interpretada pela própria Drew), a atriz em ótima em fazer Candy e Paula soarem como pessoas completamente diferentes. Não só a voz é um pouco distinta, mas os maneirismos, linguagem corporal e outros elementos convencem de que estamos diante de pessoas diferentes.
Nas primeiras cenas ver Barrymore devorando o cenário como uma estrela descontrolada tem lá sua graça, mas conforme a trama se desenvolve o filme demonstra não saber o que quer exatamente de suas protagonistas, vagueando a esmo entre o drama e a comédia. Não funciona como comédia porque tirando o chilique inicial de Candy e uma cena em que Paula é confrontada por Jenna (Ellie Kemper), uma atriz que Candy feriu, não há nada de particularmente engraçado.
Enquanto drama é difícil se importar com os problemas das personagens porque nenhuma dela consegue angariar nossa simpatia. Candy é abrasiva e hostil demais com praticamente todo mundo ao redor, mesmo aqueles que querem ajudá-la, para que nos importemos. Já Paula é tão egoísta, fútil e manipuladora que qualquer torcida por ela por conta dos abusos de Candy vai embora ainda nos primeiros minutos da fita. Sem conexão com essas personagens, as reviravoltas da trama não funcionam.
Lá pela metade a narrativa dá uma guinada e coloca Paula em uma função de antagonista. Imagino que a intenção era inverter os papeis e deixar a antiga substituta como uma megera e deixar Candy como uma coitada, mas o texto nos deu tão poucas razões para torcer por Candy que essa virada não tem muito impacto. Do mesmo modo, o final das duas personagens não soa devidamente merecido. A intenção provavelmente era mostra Hollywood como essa máquina de moer gente, deixando Paula como uma estrela descontrolada enquanto Candy constrói uma existência pacata e anônima com um novo amor. A questão é que com tudo que foi apresentado, não há qualquer razão para que Candy mereça um final feliz. A personagem não faz nada para reparar os erros passados nem assume qualquer responsabilidade pela conduta hostil e abusiva de outrora, não havendo uma redenção que justifique esse final feliz.
Apesar de uma atuação empenhada de Drew Barrymore, Duas Por Uma não funciona por conta de
problemas de roteiro e uma falta de direcionamento em relação aos rumos que
quer dar à sua trama.
Nota: 4/10
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