A trama começa no ponto em que a terceira parou, com Sabrina (Kiernan Shipka) se dividindo em duas para aproveitar o melhor dos dois mundos, com a Sabrina Spellman ficando em Greendale e indo para o colégio enquanto Sabrina Morningstar fica no inferno governando ao lado do pai, Lúcifer (Luke Cook). Enquanto isso, o Padre Blackwood (Richard Coyle) libera os Horrores Sobrenaturais, criaturas ancestrais de grande poder, trazendo uma nova ameaça a Greendale.
A ideia de duas Sabrinas poderia render um bom estudo de personagem para entender como ela precisa existir nesses dois mundo para ser quem é e se restringir a um deles a faria sentir incompleta. O início da temporada até toca nesses temas, com ela inventando uma assombração na escola só para que tenha uma ameaça para combater ao lado dos amigos. Conforme a temporada progride, no entanto, essas questões são deixadas de lado e a própria versão infernal de Sabrina acaba aparecendo muito pouco.
Na verdade, boa parte do núcleo do inferno tem muito pouco a fazer com o conflito entre Lúcifer e Lilith (Michelle Gomez) praticamente não dialogando com a trama principal, mais parecendo a construção de um arco futuro que agora não vai se concretizar e fica como uma ponta solta insatisfatória. Boa parte dos coadjuvantes de Greendale também são subaproveitados. Se, por um lado, temos o casamento de Hilda (Lucy Davis) com o Dr. Cerberus (Alessandro Juliani) que serve como encerramento para a personagem, ou Roz (Jaz Sinclair) se tornando mais próxima do coven, outros como Zelda (Miranda Otto), Theo (Lachlan Watson) ou mesmo Harvey (Ross Lynch) tem muito pouco o que fazer.
Os horrores sobrenaturais nunca convencem como esses inimigos formidáveis e extremamente poderosos que o texto sugere que eles são, com cada um não durando mais do que um episódio e sendo rapidamente despachado. Tem algumas ideias criativas, como o Indesejado, mas falta também uma direção de arte que nos mostre essas criaturas como seres bizarros, além da compreensão humana, com o quê das histórias de H.P Lovecraft, então boa parte dessas criaturas não impressiona como deveria.
Há um tempo gasto com interesses amorosos de Sabrina, como Caliban (Sam Corlett) ou Nick (Gavin Leatherwood), mas como eles nunca foram nada além de bad boys genéricos esses conflitos românticos não envolvem como deveria. Entre os poucos acertos estão as cenas entre as duas Sabrinas, que sempre funcionam como ótimas janelas para que visualizemos o que se passa no interior da personagem, o fato de Salem ter um pouco mais presença, já que temporadas anteriores praticamente esqueciam dele, e Richard Coyle que continua detestável como Blackwood, sendo um vilão que verdadeiramente nos instiga repulsa.
O desfecho da temporada falha em dar encerramentos consistentes ou satisfatórios para a maioria dos personagens, com muita coisa deixada sem resolução (provavelmente porque pensavam que haveria mais temporadas) e outros elementos que praticamente não tem repercussão alguma. Parece mais que estamos só mais um final de temporada e não o clímax total da série. Ao menos a protagonista recebe um mínimo senso de conclusão.
É uma pena que uma série que começou tão bacana termine de
uma maneira tão insossa, com a quarta temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina entregando uma trama que não desenvolve
seus conflitos como deveria, nem aproveita o potencial criativo das ameaças que
introduz, falhando também em dar um senso de clímax e conclusão à jornada da
maioria dos personagens.
Nota: 5/10
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