Na trama desse segundo ano, Blanca (MJ Rodriguez), tenta seguir seu sonho de abrir seu próprio salão como manicure. A protagonista também estimula Damon (Ryan Jamaal Swain) a investir em sua carreira de dançarino, bem como Angel (Indya Moore) a perseguir seu sonho de ser modelo. Blanca também lida com o agravamento de sua saúde por conta do HIV, algo que também acontece com Pray Tell (Billy Porter).
Ao falar sobre o fenômeno pop que foi a canção Vogue de Madonna e como ela levou ao mainstream elementos da cultura LGBTQI que eram relegados ao underground, a série fala também sobre como a indústria cultural muitas vezes se apropriam de determinadas práticas, mas promovem um relativo apagamento daqueles que originam essa cultura. Por mais que os personagens comemorem a visibilidade que a canção trouxe para eles, o cotidiano de preconceito e exclusão permanece. Isso fica evidente no arco de Angel, no qual apesar do talento e beleza, ela acaba sendo excluída do meio da moda quando descobrem o fato dela ser trans.
A narrativa chama atenção também para a necessidade de mobilização da comunidade para combater o preconceito, especialmente no contexto de agravamento do contágio da AIDS e insistência de certos setores da sociedade em dizer que é uma doença causada pelos gays como punição. Nesse sentido, a militância surge como uma ferramenta de combater os preconceitos e discutir estratégias mais úteis de combate à doença, algo que Blanca e Pray Tell rapidamente entendem conforme a saúde de ambos começa a se deteriorar.
Também vemos o senso de comunidade e união entre os personagens, mesmo entre pessoas com relações conflituosas, como Blanca e Elektra (Dominique Jackson), que colaboram em momentos de crise, como a morte Candy (Angelica Ross) ou o problema que Elektra enfrenta no trabalho, justamente por saberem que ninguém mais vai ajudá-las e mesmo as autoridades não se importam com pessoas como elas. Por outro lado, ao longo da temporada também percebemos os desequilíbrios de poder que existem dentro daquela comunidade, com o controle sobre os bailes e categorias sendo centralizado em homens. Assim, por mais que se tratasse de uma comunidade unida e inclusiva, ainda repetia as estruturas de poder patriarcais do resto da sociedade.
A temporada também permite que tenhamos uma melhor compreensão sobre os personagens e o que os move. Conhecemos mais sobre o passado de Pray Tell e como as relações dele com a família moldaram muito de sua personalidade, entendemos mais o sentimento de solidão e carência de Blanca, bem como a postura altiva e orgulhosa de Elektra. A trama pode não fluir tão bem quanto na primeira temporada, tendo alguns problemas de ritmo e algumas coisas que se resolvem fácil e rápido demais, mas no geral é um desenvolvimento competente do que foi apresentado no ano de estreia.
Desta maneira, a segunda temporada de Pose continua sendo um eficiente mergulho sobre a cena LGBTQI no
final do século XX, refletindo sobre os desafios da comunidade enquanto constrói
personagens singulares e envolventes.
Nota: 8/10
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