Na trama, uma misteriosa figura chamada de Fantasma está matando os líderes da máfia de Gotham City. Muitos acham que o Batman é o responsável pelas mortes, mas o homem-morcego começa a investigar os crimes para deter o culpado e provar a própria inocência. Ao mesmo tempo, Andrea Beaumont, uma antiga namorada de Bruce Wayne, retorna a Gotham City, despertando em Bruce sentimentos que ele nem lembrava que tinha.
Impressiona como a narrativa consegue condensar em pouco mais de oitenta minutos os elementos principais do Batman e suas múltiplas facetas de maneira bastante consistente. Vemos o aspecto detetivesco do herói, suas habilidades de combate, o modo como ele instila medo nos criminosos, a fachada de playboy irresponsável para que ninguém desconfie dele, tudo está presente.
O filme também nos faz sentir o peso da promessa que Bruce fez para os pais, principalmente por conta do relacionamento com Andrea e como esse vislumbre de felicidade o faz repensar a cruzada que planejou para si. Nesse sentido, percebemos que as obsessões de Bruce não vêm apenas do trauma do que testemunhou, mas de sua solidão e do sentimento de que jamais poderia ser feliz ou ter uma família novamente, algo que ele percebe estar equivocado quando o relacionamento com Andrea começa a dar certo.
Vê-lo duvidar de sua cruzada, pensar em outras formas de ajudar, contribui para humanizar o personagem. Também serve para tornar compreensível porque ele se mantem como Batman depois que o relacionamento com Andrea termina ao invés de pensar em outras maneiras de resgatar a cidade. A relação entre Bruce e Alfred mostra o cuidado que o mordomo tem com o seu patrão ao mesmo tempo que exibe o temor de Alfred pelos perigos que o Batman enfrenta e o desejo dele que Bruce tenha uma vida normal. Claro, as respostas sarcásticas de Alfred e seu fleuma britânico diante das coisas estranhas que o herói enfrenta também estão presentes.
O Coringa é outro personagem cuja essência é muito bem destilada na narrativa. Assim como aconteceu ao longo da série animada de Bruce Timm, o texto consegue equilibrar a faceta brincalhona, com o lado violento e instável do palhaço do crime, nos fazendo rir com ele em um momento e temê-lo logo depois. Muito do que faz o personagem funcionar vem também o excelente trabalho de dublagem de Mark Hamill (o eterno Luke Skywalker), que há quase duas décadas vem fazendo a voz do personagem em animações e games.
O vilão Fantasma serve como um ótimo contraponto ao Batman porque nos mostra o que o herói poderia se tornar caso se permitisse ser tomado pelo sentimento de vingança ao invés de agir por justiça ou se Bruce ficasse completamente sozinho, sem qualquer aliado ou pessoa próxima (como Alfred) para lhe conferir um mínimo de humanidade.
Nesse sentido é bastante significativo que o confronto final que envolve o Batman, Andrea e o Coringa seja em um parque de diversões arruinado que Bruce e Andrea visitaram anos antes, quanto o local ainda estava em funcionamento. No passado o parque tinha uma atração que mostrava como seriam as cidades do futuro, com uma visão romantizada a la Os Jetsons de como esse futuro seria. Naquele momento o futuro de fato parecia luminoso para Bruce e Andrea, ambos apaixonados e fazendo planos juntos. No presente, no entanto, essa cidade do futuro jaz em ruínas conotando os planos fracassados, as trevas que tomaram conta da vida dos dois e a ruína da felicidade de ambos.
Com sua concisão em ir direto na essência do Batman e do
universo que ele habita, tratando com complexidade o arco do personagem mesmo
em uma curta duração, Batman: A Máscara
do Fantasma é um dos melhores filmes do personagem.
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