A trama é protagonizada por Kidd (Tom Hanks), um veterano da Guerra de Secessão que viaja de cidade em cidade do estado do Texas narrando as notícias que saem nos jornais impressos. A rotina dele muda quando ele encontra Johanna (Helena Zengel), uma menina que foi sequestrada por indígenas. Agora Kidd precisa cruzar o Texas para devolver a garota para a família dela.
Se passando pouco tempo depois do fim da Guerra de Secessão, a narrativa mostra um Texas devastado pelo conflito, ainda com as cicatrizes da guerra, tentando se reconstruir, mas ainda sendo tratado como inimigo pelos soldados do norte que ocupam a região. É um lugar polarizado, sem esperança e sem perspectiva. Com as histórias insólitas que conta das manchetes de jornais Kidd espera trazer algum alento ao sofrimento daquelas pessoas. Nesse sentido, além da ligação entre Kidd e Johanna, o filme é também sobre o poder das narrativas, na força que elas tem em nos mover, inspirar, nos conectar uns com os outros, e modificar um cotidiano de dor.
A jornada de Kidd e Johanna é justamente a de encontrar algum lugar de paz e alegria em meio a toda devastação e violência. É como se eles estivessem cientes de que estão em um faroeste e estivessem tentando fugir dos lugares-comuns do gênero. Nenhum dos dois protagonistas se sente conectados a lugar algum, ambos perderam muito, e buscam reconstruírem suas vidas. Impressiona como o diretor Paul Greengrass consegue compor um filme tão cheio de tensão e desalento, mas, ao mesmo tempo cheio de esperança.
A dinâmica entre o ex-soldado e a criança é relativamente previsível, com o adulto turrão e emocionalmente fechado aos poucos se abrindo para a ingenuidade e encantamento da criança. Mesmo sendo previsível, funciona por conta da conexão genuína que Hanks constrói com a pequena Helena Zengel. Além disso, Hanks é ótimo em construir o pesar e a solidão de Kidd, tornando crível a razão dele se apegar tanto à menina.
A natureza de um filme de viagem acaba dando uma natureza episódica à narrativa, mas o que realmente prejudica é o fato de que a maioria dos encontros fortuitos que os personagens tem ao longo da jornada acaba sempre reforçando as mesmas ideias. Assim, o miolo do filme soa redundante já que acompanhamos encontro atrás de encontro de Kidd tentando evitar problemas e violência apenas para que esses problemas se imponham diante dele repetindo reiteradamente a natureza brutal daquele lugar.
Relatos do Mundo se
beneficiaria de uma trama mais concisa, mas não deixa de envolver por conta do
trabalho de Tom Hanks e por nos lembrar da importância das narrativas em nossas
vidas.
Nota: 6/10
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