quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Drops – Yes God Yes

 

Análise Drops – Yes God Yes

Review – Yes God Yes
Adaptando seu curta-metragem de mesmo nome, em Yes God Yes a diretora Karen Maine fala sobre o despertar sexual feminino e como a sociedade, especialmente em comunidades religiosas, tenta suprimir as vivências sexuais dos jovens e incute neles uma culpa por quererem experimentar algo que é normal.

A trama se passa no final da década de noventa, ainda com internet discada. Alice (Natalia Dyer, que também protagonizou o curta original) é uma adolescente que estuda em uma escola católica. Lá a ideia de educação sexual consiste em dizer que sexo fora do casamento e qualquer coisa relacionada, como masturbação, são pecados imperdoáveis. Quando um chat de internet caminha para conversas quentes, Alice começa a contemplar a possibilidade de se masturbar, o problema é que logo ela embarca para um retiro cristão.

A trama mostra que tratar sexualidade como motivo de culpa ou vergonha em nada inibe os adolescentes de fazerem sexo, apenas os torna moralistas hipócritas (como os adultos que ensinam isso). A abordagem à sexualidade também permeada por machismos, tratando os homens como irracionalmente sexualizados que podem ser atiçados facilmente por qualquer ação ou atributo feminino, injustamente colocando na mulher a responsabilidade sobre as ações masculinas.

Tudo isso é conduzida com uma certa dose de humor. Um exemplo é quando Alice vê o garoto de quem gosta e toca nos pelos do braço dele a canção Genie in a Bottle de Christina Aguilera começa a tocar e os versos do refrão (claramente dotados de duplo sentido) sobre “esfregar do jeito certo” ganham contornos hilariamente explícitos. Em outros momentos o humor vem de desvendar o comportamento hipócrita dos colegas, como na cena em que ela descobre que a sua supervisora no retiro, que adorava se comportar como santa e moralmente superior, está fazendo sexo oral em outro garoto.

Por outro lado, o conflito principal de Alice ir para o retiro numa tentativa de reparar a reputação depois de ser alvo de boatos maldosos soa forçada. Nunca é dada uma razão concreta para que alguém tenha criado o boato de que a protagonista teria feito beijo grego em um colega, é algo que surge do nada, por mera necessidade do roteiro, e também não deixa a sensação de que há algo “em jogo” ou sob risco para a protagonista.

Ainda assim, Yes God Yes é um delicado e divertido exame sobre despertar sexual e as consequências do moralismo religioso sobre a juventude.

 

Nota: 6/10


Trailer

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