Na trama, Ulysses Everett (George Clooney) escapa da prisão ao lado de Pete (John Turturro) e Delmar (Tim Blake Nelson) e empreende uma jornada para retornar para casa e encontrar a esposa, Penny (Holly Hunter). No caminho encontrará figuras pitorescas como músicos, criminosos, religiosos e políticos que servirão como entraves à viagem de Everett.
Em geral road movies já tem uma estrutura mais solta, se baseando nos encontros fortuitos dos personagens com outros sujeitos no meio do caminho. Aqui, as coisas soam ainda mais episódicas, rapidamente pulando de um encontro para outro como se estivéssemos diante de uma série de esquetes. Não chega exatamente a ser um problema neste filme, já que os Coen tem mais interesse nessa construção de uma “mitologia” desse universo do que efetivamente com uma trama bem amarrada em que tudo faz sentido.
Na verdade, muitos dos eventos se baseiam em coincidências fortuitas ou nunca são plenamente explicados, ajudando a dar um ar levemente fantasioso e absurdo aos eventos. Muito do humor vem desse senso de absurdo, como o encontro com um grupo de “sereias” na beira de um rio que seduzem o trio de protagonistas com seu canto. Realisticamente não faria sentido que algo assim acontecesse, mas dentro do regime de absurdo do filme embarcamos nesse evento sem quebrar nossa imersão.
A viagem do protagonista também serve para examinar a situação do sul dos Estados Unidos na década de 30, falando do preconceito racial e da presença de entidades racistas como a Ku Klux Klan (aqui tratados com um bando de caipiras estúpidos), do banditismo provocado pela Grande Depressão, do conservadorismo religioso ou das dinastias políticas que controlam as cidades. Como em muitos filmes dos Coen, os personagens encontrados ao longo da jornada não são particularmente brilhantes ou devidamente preparados para os obstáculos que estão por vir, muitas vezes agindo de maneira desproporcional, causando consequências inesperadas e situações ainda mais absurdas.
A música é um elemento extremamente importante, com constantes números musicais e o uso de conhecidas canções folk sulistas para ajudar na construção do senso de identidade e comunidade daquele local com arranjos que ficam na cabeça mesmo muito tempo depois dos créditos começaram a subir. Uma das mais marcantes é I am a Man of Constant Sorrow, cantada pelo trio principal em mais de uma ocasião, a letra sintetiza os infortúnios encontrados pelo caminho ao mesmo tempo que na trama serve como a consagração dos personagens como músicos.
Cheio de bom humor, personagens pitorescos e uma marcante
trilha musical de canções folk, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? é uma
deliciosa odisseia pelo sul dos Estados Unidos na década de 30.
Trailer
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