A trama é protagonizada por Martin (Madds Mikkelsen), um professor de história que vê sua carreira e seu casamento estagnarem e sente viver em uma bolha de apatia. Um dia, em um jantar com outros colegas professores colegiais, Martin ouve falar de uma proposição de um filósofo de que seria possível melhorar a vida pessoal e profissional mantendo constantemente um pequeno percentual de álcool no sangue. Assim, Martin e seus colegas de trabalho decidem fazer um experimento de tentar manter essa pequena quantidade de álcool para verificar se isso produz algum resultado.
De início a trama discute como tratamos o álcool como tabu, mas, ao mesmo tempo, idolatramos os feitos de pessoas que eram notórios consumidores de álcool como Churchill (que aqui é exibido sob um prisma puramente positivo, sem mencionar sua violência colonial) ou Hemingway. A pequena dose de álcool consumida pelos personagens vai alterando seu cotidiano, deixando-os mais criativos, mais soltos melhorando a atividade profissional e socialização deles.
É claro que, com o tempo, essa pequena quantidade deixa de fazer o efeito desejado e os personagens começam a consumir doses maiores. O que se segue é bastante previsível, com os protagonistas se afundando no consumo excessivo de álcool, lembrando que se trata de uma droga com o potencial de causar vício. Nesse sentido o texto não tem nada de realmente novo a dizer sobre o álcool ou sobre o alcoolismo, mas faz um retrato sem moralismos ou histrionismos excessivos de como alguém chega nessa situação.
A decisão dos personagens de beber cada vez mais parece fazer sentido diante dos resultados positivos que eles obtêm, soa como algo lógico, eles não soam como indivíduos fora de controle, mas pessoas plenamente racionais. Talvez aí esteja a dimensão assustadora do vício, o modo casual com o qual ele se insinua na vida das pessoas. As vidas infelizes dos personagens são outra desculpa conveniente para alimentar o vício, crendo na falsa promessa que se beberem mais podem consertar as coisas ou recuperar a vida que deixaram de viver até então.
O desfecho caminha menos para uma condenação moralista do álcool e mais para uma ponderação sobre a parcimônia, afinal todos temos momentos de excesso, momentos festivos ou a necessidade de baixarmos levemente nossas inibições. Por outro, o consumo constante e excessivo pode trazer consequências serias e irremediáveis como mostram a trajetória dos protagonistas. No entanto, por mais que os últimos momentos tragam diversos problemas a Martin, é difícil negar a natureza catártica da cena final enquanto o protagonista se entrega à dança e ao hedonismo.
Desta maneira, mesmo não tendo nada de muito novo a dizer
sobre as consequências do vício em álcool, Druk:
Mais Uma Rodada traz algumas provocações instigantes sobre nossa relação
com essa substância e com a vida, produzindo uma competente tragicomédia.
Nota: 7/10
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