quarta-feira, 10 de março de 2021

Crítica – Raya e o Último Dragão

 

Análise Crítica – Raya e o Último Dragão

Review – Raya e o Último Dragão
Em termos de premissa, a jornada de uma garota para encontrar a última esperança de salvar um mundo à beira da destruição por forças malignas não é exatamente novidade, nem mesmo a ideia da necessidade de união diante de um grande mal. Estamos, no entanto, vivendo tempos tão polarizados, com tanta divisão e falta de diálogo que é difícil não perceber o quanto a animação Raya e o Último Dragão é relevante para os tempos em que estamos vivendo.

Na trama, a jovem Raya (voz de Kelly Marie Tran) percorre seu reino na esperança de conseguir invocar Sisu (voz de Awkwafina) a última dos dragões e a aparentemente a única capaz de deter o avanço dos Druun, uma praga mística que transforma em pedra todos os seres vivos que toca. Sisu já tinha contindo os Druun séculos atrás quando concentrou a magia dos dragões em uma joia mágica, mas a gema se partiu quando as múltiplas nações do reino lutaram por sua posse.

O coração da trama, portanto, é a ideia de união. O avanço dos Druun não se dá por conta de um vilão específico e sim pela incapacidade humana de cooperar. As nações se dividem porque não conseguem dialogar e se mantem divididas porque todos estão presos a rancores de séculos atrás e são incapazes de dar um voto de confiança para o outro. A divisão, portanto, enfraquece um mundo da trama. O arco de Raya vai se o de superar o trauma do passado quando foi traída por alguém que julgava ser sua amiga e aprender que as outras nações não são o que ela pensava ser.

Em meio a esses temas há muito humor e ação, com perseguições e cenas de luta muito bem construídas, em especial os embates entre Raya e Namaari (voz de Gemma Chan) que envolvem tanto pela coreografia quanto pelo drama da rivalidade entre as duas. Seria fácil, inclusive, transformar Namaari em uma vilã, no entanto, a trama tenta nos fazer entender que, assim como Raya, ela é alguém que julga estar fazendo a coisa certa e também tem esperança de restaurar o mundo.

O humor vem principalmente de Sisu, que segue a tradição da Disney em inserir criaturas mágicas divertidas em suas animações. Sempre com alguma resposta mordaz na ponta da língua, Sisu diverte tanto pelos diálogos quanto pelas confusões em que ela se mete por conta da ingenuidade com a qual lida com o mundo dos humanos. A ingenuidade da personagem, no entanto, é o que serve de motor para unir Raya a membros de todas as outras nações. A amizade entre Raya e Sisu é construída de maneira convincente e isso é importante para que alguns eventos do clímax tenham o devido impacto quando os rancores antigos de Raya colocam tudo a perder. As cenas em que Sisu voa pela chuva, como se caminhasse nas gotas que caem, encantam simplesmente pelo senso de espetáculo visual que são concebidas, sendo difícil não se deslumbrar com a qualidade visual.

Embora tenha uma trama similar a coisas que já vimos antes (e a narração que abre o filme até reconhece isso), Raya e o Último Dragão traz uma importante mensagem de união, personagens carismáticos e uma aventura visualmente envolvente.

 

Nota: 7/10


Trailer

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