Na trama, Akeem (Eddie Murphy) se torna rei de Zamunda depois do falecimento de seu pai, Jaffe (James Earl Jones). Como Akeem não tem filhos homens, ele ascende ao trono sem um príncipe herdeiro, pois as leis de Zamunda determinam que apenas homens podem assumir o trono. Isso o coloca sob ameaça do general Izzi (Wesley Snipes), governante do país vizinho que planeja assassinar Akeem. As coisas mudam quando Semmi (Arsenio Hall) conta a Akeem que ele tem um filho bastardo nos Estados Unidos. Assim, Akeem retorna ao Queens para tentar trazer o filho, Lavelle (Jermaine Fowler), para Zamunda e torná-lo seu herdeiro.
A narrativa acaba seguindo praticamente as mesmas batidas da trama original, com um rei querendo forçar seu filho a fazer algo que vai contra sua natureza enquanto esse filho luta para descobrir seus próprios caminhos. A ideia de Akeem desempenhar aqui a função que seu pai desempenhou no original é uma boa sacada, nos lembrando como acabamos ficando mais parecidos com nossos pais do que queremos admitir. É uma pena, no entanto, que a execução se perca em um excesso de referências ao original que acrescentam pouco ao desenvolvimento.
Claro, é inevitável mencionar certos acontecimentos e alguns tem desdobramentos divertidos, como quando Izzi mostra a Akeem o que aconteceu com a princesa que ele ignorou no original. Por outro lado, a insistência em trazer de volta personagens menos importantes, como o cantor obsceno e o pastor mulherengo (interpretados por Murphy e Hall) trazem pouco à trama presente além de um apelo à nostalgia. O mesmo ocorre com as piadas envolvendo a rede de fast food do sogro de Akeem.
Perdendo tempo em uma nostalgia vazia, elementos importantes como o romance entre Lavelle e a cabeleireira real Mirembe (Nozamo Mbatha) acaba sendo pouco desenvolvido, acontecendo basicamente para que tracemos paralelos com o original. Do mesmo modo, a relação de Akeem com a filha mais velha, Meeka (Kiki Layne) também acaba pouco aproveitada.
Incomoda também que o filme continue reproduzindo uma visão colonizadora da África como esse lugar primitivo de mentalidade atrasada que precisa ir aos Estados Unidos (um país que sabemos ter sua dose de preconceito e intolerância) para ser educado em como uma sociedade civilizada e progressista deve se comportar. Já era algo complicado na década de 80 quando o original foi lançado, mas não faz sentido hoje, em uma Hollywood que já produziu filmes como Pantera Negra (2018), que exploram uma nação africana emancipada e com algo a ensinar ao mundo ao invés do contrário.
O que segura o filme é o carisma do elenco, que faz funcionar muito das situações mesmo quando sabemos se tratar de uma reciclagem do primeiro. Isso vale principalmente para Murphy e Hall na dinâmica entre Akeem e Semmi, assim como a relação de Akeem com a esposa, Lisa (Shari Headley). Entre os personagens novos, Wesley Snipes rouba a cena com sua interpretação histriônica do general Izzi e o momento em que vemos o campo de treinamento dele gera várias gags visuais com as tropas treinando com jogos de dança e shake weights. Leslie Jones e Tracy Morgan também tem momentos divertidos como a mãe e o tio de Lavelle, ainda que apareçam pouco.
Um Príncipe em Nova
York 2 oferece algumas boas ideias e consegue minimamente divertir por
conta da química do elenco, mas se perde em um excesso de repetição e apego à
nostalgia.
Nota: 6/10
Trailer
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