Na trama, Diane (Sarah Paulson) passa a vida inteira se dedicando a cuidar da filha, Chloe (Kiera Allen), que nasceu com diversos problemas de saúde. Apesar de tudo, Chloe cresceu para ser uma jovem inteligente, com prospecto de entrar em boas universidades. Aos poucos, no entanto, Chloe começa a suspeitar que a mãe esconde segredos dela.
Não é muito difícil antever as principais viradas da trama. É evidente desde a primeira fala de Diane sobre não sentir nada em relação da possibilidade de Chloe ir embora para ir para faculdade que Diane provavelmente irá tentar evitar que a filha saia de casa. Do mesmo modo, dado o controle que Diane exerce sobre a filha, é fácil suspeitar que ela talvez esteja mentindo sobre a saúde da garota. Quando questionamos se os problemas de Chloe são ou não reais, fica fácil antever a revelação a respeito do que aconteceu com o frágil bebê que Diane pariu no início do filme.
A despeito da previsibilidade, a narrativa consegue criar bons momentos de tensão, como todo o segmento que envolve Chloe se arrastando pelo teto de casa ou tentando descer escadas. É essa construção de tensão que nos faz ficar minimamente engajados, já que o texto não nos dá muito em termos de desenvolvimento de personagem. Não há esforço para entender o peso da criação isolada e controladora que Chloe teve, assim como o texto não se interessa em dar muita nuance a Diane, que até certa medida é movida por traumas severos em seu passado, mas que o filme trata como uma antagonista a ser derrota sem explorar muito a complexidade da personagem.
Assim que Chloe descobre a verdade sobre a mãe, Diane abandona qualquer preocupação em manter a imagem de boa mãe e parte direto para um comportamento completamente violento, não apenas com Chloe, mas com as pessoas ao redor, evidenciado pelo ataque ao carteiro. É estranho que alguém até então agindo de maneira controlada, ardilosa e manipuladora simplesmente vire uma chave se torne uma descontrolada agressiva que nem tenta mais convencer a filha de que os problemas de saúde são reais. Seria mais interessante se o filme jogasse com essa ambiguidade, tentasse nos deixar em dúvida se Diane é realmente esse monstro ou se Chloe é quem estava perdendo o senso de realidade.
Apesar da guinada brusca de Diane, a personagem funciona por conta do trabalho de Sarah Paulson que consegue trazer a dor subjacente da personagem ainda que o texto não se dê ao trabalho de explorar nada disso. Paulson também é eficiente em fazer de Diane uma presença ameaçadora, nos fazendo temer por Chloe cada vez que a garota se coloca em oposição direta à mãe. Nas mãos de uma atriz menos hábil, Diane cairia em uma caricatura unidimensional desinteressante.
Não tem nada que Fuja faz
que já não tenha sido feito melhor antes, sua trama sempre vai pelos caminhos
mais óbvios e a complexidade dos personagens nunca é explorada como deveria. Se não fosse o trabalho de Sarah Paulson, bem como alguns momentos
competentes de tensão, o resultado seria completamente inane.
Nota: 5/10
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