Então vale a pena retornar a Marvel’s Avengers? Bem, depende de como você se sente em relação ao jogo base, já que além do conteúdo adicional não muito em termos de reestruturar os elementos problemáticos que apontei no lançamento. A principal adição é a campanha Futuro Imperfeito centrada em Clint Barton, o Gavião Arqueiro. A narrativa mistura elementos de dois arcos do personagem nos quadrinhos, Minha Vida como Uma Arma, que mostrava ele vivendo num prédio em Nova Iorque com vizinhos pitorescos, e em Old Man Hawkeye que colocava o velho Clint em um futuro apocalíptico.
Aqui, a trama começa onde a expansão da Kate Bishop terminou, levando a equipe em uma viagem no tempo para um futuro apocalíptico em busca de pistas sobre Nick Fury. A narrativa amplia a importância dos Kree, apresentados na campanha principal e traz boas doses de humor nas interações do Gavião com seus vizinhos ou sua versão mais velha no futuro. Como no jogo base, a campanha é o ponto alto.
De início o Gavião e Kate parece muito similares, por ambos usarem arco e espada, mas eles tem habilidades diversas, principalmente quando subimos de nível e ampliamos o leque de ações de cada um, ao ponto de soarem verdadeiramente distintos, trazendo novos elementos para manter o combate interessante. A nova área do futuro devastado também é uma boa adição, apresentando um espaço muito diferente dos demais biomas do jogo com tempestades de areia e ruínas de sentinelas kree.
A despeito dessa nova campanha, o jogo não resolve seus principais problemas. O componente multiplayer continua apoiado em uma repetição cansativa das mesmas missões e os mesmos chefes. A batalha contra o novo vilão, Maestro, não é muito diferente de lutar contra o Abominável e chega a ser inacreditável que seis meses depois do lançamento continuamos a enfrentar os mesmos quatro chefões repetidamente e apenas dois (Treinador e Abominável) são supervilões.
Do mesmo modo todo o sistema de equipamentos continua desinteressante, com peças que trazem incrementos praticamente imperceptíveis aos atributos dos personagens e falham em te dar a sensação de que você ficou mais poderoso apesar dos números de seu nível de poder estarem subindo. Soma-se o problema dos equipamentos ao da repetição e todo o grind pós campanha continua não dando nenhum estímulo real ao jogador além da satisfação de chegar ao poder máximo. Se os desenvolvedores de fato querem trazer os jogadores de volta, reestruturar esses elementos de progressão e tornar o loot mais interessante é essencial.
Ao menos não foi implementada a mudança do aumento de experiência para o personagem subir de nível e aprender novas habilidades. Imagino que depois da reação da comunidade, veementemente rejeitando uma alteração que ninguém pediu e aumentaria ainda mais o repetitivo grind, os desenvolvedores recuaram na decisão. Se foi implementada, é uma alteração imperceptível.
Por outro lado, houve (ao menos até o momento da publicação do texto) uma alteração significativa na obtenção de skins e outros itens cosméticos. Aparentemente não é mais possível obter skins como drops de inimigos ou recompensas de missão e a loja situada no Quimera, que vendia skins em troca de créditos obtidos no próprio jogo, diminuiu consideravelmente o acervo vendido, inclusive deixando de vender skins lendárias. O novo personagem, Gavião Arqueiro, não dá nenhuma skin ou finalização ao subir de nível, ao contrário de todos os outros personagens, mesmo a Kate Bishop.
Tudo isso parece pensado para forçar o jogador a gastar dinheiro real se quiser novos itens cosméticos para seus personagens e eu até entendo a necessidade de monetização, já que personagens e histórias adicionais são gratuitos é preciso tirar de outro lugar o dinheiro para financiar esse conteúdo. A questão é que a estratégia usada aqui soa excessivamente predatória, afinal isso não é um game gratuito, mas algo vendido como “jogo completo”, então deveria haver algum meio, mesmo que por meio de grinding, para obter esses itens sem ser forçado a usar dinheiro real o tempo todo.
Falando especificamente das versões para a nova geração, o jogo se beneficia dos tempos de carregamento extremamente rápidos proporcionados pelo SSD das novas máquinas. Em termos gráficos os efeitos de luz, de partícula e névoa recebem melhorias e a performance é bem mais estável, sem quedas na taxa de quadros mesmo com muitos inimigos e efeitos ao mesmo tempo. No Playstation 5 o feedback háptico do controle DualSense ajuda a sentir o peso e a força de cada ataque, como a variação no “coice” das diferentes armas da Viúva Negra e também contribui para sentir melhor o tempo de certas habilidades, como o tiro preciso do Gavião e Kate ou o chute para ricochetear o escudo com o Capitão América.
Quem já tinha a versão da geração e pode fazer o upgrade para a versão da nova geração
gratuitamente tem alguns motivos para voltar ao jogo, mas não vejo grandes
incentivos para quem ainda não tem o jogo e ainda se incomoda com os problemas
que não foram resolvidos. Como os desenvolvedores divulgaram um mapa dos
próximos conteúdos talvez esses problemas sejam ajeitados, já que entre as
promessas estão uma reestruturação do sistema de equipamentos e a inserção de
novas áreas e vilões em uma expansão centrada no Pantera Negra. Por enquanto, a
despeito da adição de conteúdo e dois novos heróis, Marvel’s Avengers continua na mesma situação, apresentando boas
histórias em sua campanha, mas prejudicado por um multiplayer repetitivo e de
progressão pouco envolvente.
Nota: 6/10
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